A crença na Grande Pirâmide era uma doutrina fundamental para os primeiros Estudantes da Bíblia?


Não, não era. Num artigo sobre doutrinas fundamentais, Russell diz:
“Existem certas características da doutrina de Cristo que são fundamentais e indispensáveis, e sem as quais ninguém seria reconhecido pelo Senhor como um de seus seguidores. Há outras características que parecem ser úteis, abençoadas, mas não fundamentais — não essenciais para ser membro do Corpo de Cristo…” (R5284 — A Torre de Vigia de Sião, 1 de agosto de 1913, pág. 231)
A partir daí Russell alista alguns pontos que ele considerava fundamentais para a plena membresia no Corpo de Cristo, e ele não inclui a crença de que a Grande Pirâmide é o cumprimento de Isaías 19:19.
Se a crença não era fundamental, o que ele quis dizer com a seguinte declaração:
“Introduzimos assim esta “Testemunha” (a Grande Pirâmide de Gizé) porque a inspiração do seu testemunho sem dúvida será tão disputada como a das Escrituras, pelo príncipe das trevas, o deus deste mundo, e por aqueles a quem ele cega para a verdade.” — Thy Kingdom Come (Venha o Teu Reino), Volume 3 de Estudos das Escrituras, pág. 319, § 1
A declaração acima pode ser facilmente entendida pelo que o próprio prefácio do livro Venha o Teu Reino disse sobre o assunto:
“Nunca tentamos colocar a Grande Pirâmide, às vezes chamada de Bíblia em Pedra, em paralelo ou igualdade com a Palavra de Deus conforme representada pelas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento — estas últimas são sempre preeminentes como autoridade. No entanto, ainda acreditamos que a estrutura dessa pirâmide, tão diferente da de todas as outras pirâmides, foi projetada pelo Senhor e destinada a ser uma pirâmide e uma testemunha no meio e na fronteira da terra do Egito. (Isaías 19:19) Certamente conta uma história muito diferente de qualquer outra arte ou relíquia recebida dos tempos remotos.”
As páginas 314 e 315 também esclarecem o ponto:
“A Grande Pirâmide, no entanto, prova ser um depósito de verdades importantes — científicas, históricas e proféticas — e seu testemunho encontra-se em perfeita harmonia com a Bíblia, expressando as características proeminentes de suas verdades em belos e apropriados símbolos. Não é de forma alguma um acréscimo à revelação escrita: aquela revelação é completa e perfeita, e não precisa de acréscimo. Mas é um forte testemunho corroborativo do plano de Deus; e poucos estudantes, ao examiná-la cuidadosamente, percebendo a harmonia de seu testemunho com o da Palavra escrita, deixariam de sentir que sua construção foi planejada e dirigida pela mesma sabedoria divina, e que é a coluna de testemunho a que o profeta se refere na citação acima.”
Assim, Russell obviamente entendia que a Grande Pirâmide dava um “testemunho” corroborativo da própria Bíblia. Esse testemunho é que seria contestado, segundo ele cria, por Satanás. Russell jamais originou doutrinas na Grande Pirâmide, mas apenas enxergou, na Grande Pirâmide, um reflexo das doutrinas já encontradas na Bíblia. É esse “reflexo” da verdade que seria ofuscado por Satanás.
É interessante notar que Russell escreveu seu artigo sobre doutrinas fundamentais em 1913, muito tempo depois de o livro Venha o Teu Reino ter sido escrito, em 1890. Se a crença na Grande Pirâmide fosse obrigatória, ou fundamental, ele certamente a teria incluído em seu artigo.
Assim como no início do Movimento, hoje há inteiros grupos de Estudantes da Bíblia, bem como indivíduos em grupos “tradicionais”, que não creem que a Grande Pirâmide é o cumprimento de Isaías 19:19.
OBS.: A crença de que a Grande Pirâmide de Gizé é o cumprimento de Isaías 19:19, ao contrário do que muitos afirmam, não é um conceito “místico” ou “ocultista”. Também não é ilógica ou sem fundamento, uma vez que alguém estude os argumentos mais profundamente.
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