Como verdades são descobertas em nossos dias

Naturalmente, e acima de tudo, A Verdade é o Senhor Jesus. Ele disse: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” (João 14:6) O Senhor Jesus certamente ensinou verdades, plantou verdades no coração das pessoas. Porém, ele previu que haveria uma grande apostasia, que joio (cristãos falsos, com ensinos falsos) seriam semeados no meio do trigo (cristãos verdadeiros). E ele disse que ambos cresceriam juntos até os ultimos dias. (Mateus 13:24-46) A Bíblia indica também, que os cristãos verdadeiros amariam a verdade, se empenhariam em buscá-la como se fossem tesouros escondidos. (Provérbios 2:3-5)

De fato, nestes últimos dias, muitas verdades que haviam sido obscurecidas por séculos foram redescobertas e hoje brilham com pleno fulgor. Mas será que o Senhor Deus, de algum modo, fez com que algumas pessoas tivessem hoje um entendimento especial, ou as guiou sobrenaturalmente a determinados entendimentos? Isso é o que a maioria dos Estudantes da Bíblia “tradicionais” pensa sobre o Irmão Russell. Acham que ele é o “escravo fiel e prudente” de Mateus 24:45. Acham que Deus, de algum modo, o guiou a determinados entendimentos. (Diga-se de passagem, o mesmo pensam as Testemunhas de Jeová sobre o Corpo Governante, os Adventistas sobre Ellen White, os Mórmons sobre Joseph Smith, etc.).

Por outro lado, há textos na Bíblia que parecem indicar que Deus dá esse tipo de entendimento: “No entanto, quando o Espírito da verdade vier, Ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos revelará tudo o que está por vir.” (João 16:13) Mas como tudo na Bíblia, precisamos nos perguntar: “Quando se cumpriu tais palavras?” E também: “Há indícios de que seria assim até nossos dias?” A título de exemplo, analisemos o seguinte texto:

“E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.” — Marcos 16:17, 18


À parte da questão de se o texto é espúrio (ilegítimo) ou não, o consenso geral entre os Estudantes da Bíblia é que as curas, bem como o falar em línguas e o profetizar, cessariam. A base para esse entendimento está em 1 Coríntios 13:8, que diz: “O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá.”  Todos os Estudantes da Bíblia entendem corretamente que algumas das manifestações do Espírito Santo cessariam com a morte do último apóstolo. A pergunta que nós, Cristãos Estudantes da Bíblia, fazemos é esta: Não seria esse o caso também com o entendimento dado por Deus? Não provaria 1 Coríntios 13:8 que esse “conhecimento” cessaria? Gostaríamos de lhes sugerir essa possibilidade.

A parábola do escravo fiel, registrado em Lucas 12, parece apoiar isso. Leiamos:

“E o Senhor disse: “Quem é realmente o administrador fiel, o prudente, a quem o seu senhor encarregará do grupo de assistentes para sempre dar a eles a sua medida de mantimentos no tempo apropriado? Feliz aquele escravo se o seu senhor, quando vier, o encontrar fazendo isso! Digo a verdade a vocês: Ele o encarregará de todos os seus bens. Mas, se aquele escravo disser no coração: ‘Meu senhor demora a vir’, e começar a espancar os servos e as servas, e a comer, beber e se embriagar, o senhor daquele escravo virá num dia em que ele não espera e numa hora que ele não sabe, e o punirá com a maior severidade e lhe designará um lugar entre os infiéis. Então aquele escravo que entendeu a vontade do seu senhor, mas não se aprontou nem fez o que ele lhe pediu, será espancado com muitos golpes. Mas aquele que não entendeu e fez coisas que merecem punição será espancado com poucos golpes.” (Lucas 12:42-48)


Analise com cuidado a parábola. Pense: Se fosse Deus quem desse o entendimento, como é que o escravo não poderia entender? E o mais grave: Como é que Deus poderia punir alguém por não ter entendido algo que ele mesmo, Deus, não deu o entendimento? A conclusão mais lógica é que Deus não dá entendimento especial nos dias de hoje. É por isso mesmo que ele procura recompensar os que se esforçaram para compreender a vontade de Deus e se “aprontaram”.

Isso não significa que o Espírito Santo não atue sobre os membros da Igreja em nossos dias; cremos que o Espírito de Deus atua sim, e de diversas maneiras, como no nosso crescimento na graça, nosso desenvolvimento do fruto do espírito (Gál. 5:23) e, de modo especial — e possivelmente sobrenatural — ao usar Sua Providência Divina em relação com os assuntos diários de nossa vida. (Em breve escreveremos um artigo mais detalhado sobre a Providência Divina.)

Assim, a maioria de nós crê que o entendimento de verdades, em nossos dias, pode ser obtido através de pesquisa profunda e imparcial da Palavra de Deus. Temos de deixar que a própria Bíblia interprete a si mesma. Quando lançamos luz de uma parte da Bíblia em outra parte dela, muitos mal-entendidos são desfeitos.

Quando entendemos que Deus permite que nos esforcemos para entender a Bíblia do melhor modo, em vez de sermos “guiados” a determinado entendimento, isso nos livra do perigo do “Messianismo”, isto é, de achar que nós ou algum líder foi especialmente privilegiado por Deus para algum entendimento importante de uma verdade. Também elimina e explica as contradições e a pluralidade de entendimentos dos diversos grupos cristãos, e mesmo dentro do próprio grupo ao qual pertencemos. Isso nos faz ter humildade, pois nosso entendimento de determinado assunto pode estar incompleto ou mesmo errado. Por outro lado, não queremos achar que tudo é relativo ou que não há verdades, apenas concordamos que as verdades não são mais reveladas diretamente por Deus atualmente.


Obs.: A maioria dos Estudantes da Bíblia “tradicionais” crê que o Irmão Russell foi “usado por Deus” para entender as verdades do Tempo Presente; eles creem também que Russell é o “escravo fiel” de Mateus 24:14 e também o “Mensageiro de Laodiceia” de Apocalipse 3:14. Assim, embora não achem que Russell fosse “inspirado” ou um “profeta”, entendem que Russell foi, de algum modo, “guiado” por Deus para descobrir verdades bíblicas. Nós, Cristãos Estudantes da Bíblia,  não concordamos com esse ponto de vista. Cremos que Russell foi um produto de seu período histórico do Reavivamento Religioso, e que ele, bem como muitos de seus contemporâneos e antecessores, tinham acesso a concordâncias bíblicas, dicionários de hebraico e grego, etc., os quais, junto com um coração em busca da verdade e a disposição de pesquisar diligentemente as Escrituras, fizeram com que ele (e outros) entendessem as verdades fundamentais e muitos outros pontos de fé secundários — sem intervenção divina, mas com a benção espiritual e a aprovação de Deus.

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