As mulheres devem cobrir a cabeça?

ENTENDA o ponto de vista tradicional e outros pontos de vista conhecidos:

O QUE DIZIA O IRMÃO RUSSELL?

Na obra A Nova Criação, Russell escreveu: Já indicamos* que o Sumo Sacerdote que tipificava Cristo, o Sumo Sacerdote de nosso Ofício, entrava sozinho com a cabeça descoberta quando estava em trajes sacerdotais; e que todos os sub-sacerdotes, que tipificavam a Igreja, “o Sacerdócio Real”, usavam coberturas de cabeça chamadas de “tiaras”. O ensino desse tipo, ou figura, está de pleno acordo com o que acabamos de ver, pois, nas reuniões da Eclésia da Nova Criação, o Senhor, o Sumo Sacerdote antitípico, é representado pelos irmãos, ao passo que a Igreja, ou o Sacerdócio Real, é representada pelas irmãs, sobre as quais o apóstolo Paulo declara que devem, de modo similar, usar uma cobertura de cabeça para indicar a mesma lição – a sujeição da Igreja ao Senhor. O apóstolo Paulo detalha isso em 1 Coríntios. 11:3-7, 10-15. 

Visto que o apóstolo Paulo menciona que os cabelos longos de uma mulher são dados por natureza como uma cobertura, alguns concluíram que ele não quis dizer nada além do que isso; mas o versículo 6 mostra claramente o contrário – que ele queria dizer que as mulheres não só deveriam deixar seus cabelos crescerem conforme permitisse a natureza, mas, além disso, deveriam usar uma cobertura, que no versículo 10 ele diz ser um sinal, ou reconhecimento simbólico, de se estar sujeito ou sob a autoridade do homem; simbolicamente ensinando que toda a Igreja está sob a lei de Cristo. O registro do versículo 4 parece, à primeira vista, estar em conflito com a exigência de que as mulheres devem manter silêncio nas eclésias. Nosso pensamento é que, no serviço geral da Igreja as mulheres não devem ter parte pública, mas nas reuniões sociais de oração e testemunho, e não de doutrina, não há objeção quanto às irmãs participarem com a cabeça coberta.

Com relação a esse assunto de perpetuar o recobrimento típico das cabeças pelas irmãs, o apóstolo Paulo o encoraja, mas não o declara como um mandamento divino. Pelo contrário, ele acrescenta: “Se alguém quer ser discutidor [sobre o assunto] nós não temos tal costume [lei expressa na Igreja].” Não deve ser considerado um assunto vital; embora todos os que buscam fazer a vontade do Senhor devam estar atentos a isso, bem como em outros aspectos, a partir do momento em que discernem sua adequação como um símbolo. As palavras “por causa dos anjos” parecem referir-se aos anciãos escolhidos da Igreja, que representam especialmente o Senhor, a Cabeça, nas eclésias. – Apo. 2:1

(***)

Resumindo, sugerimos que a interpretação mais liberal possível seja dada às palavras do apóstolo inspirado respeitando o alcance da liberdade das irmãs nos assuntos da Igreja. Nosso julgamento disso fica então assim: –

(1) As irmãs têm a mesma liberdade que os irmãos na questão da eleição dos servos da Igreja – os Anciãos e os Diáconos.

(2) As irmãs não podem servir como anciãos ou mestres na Igreja, pois, diz o apóstolo Paulo: “Não permito à mulher que ensine.” (1 Tim. 2:12, TB) Isso, entretanto, não precisa ser entendido como um impedimento para as irmãs participarem de reuniões que não sejam de ensino ou pregação; tais como reuniões de oração e de testemunho, estudos bereanos, etc, porque o Apóstolo diz que se ela orar ou profetizar (falar) deve ser com a cabeça coberta, representando que reconhece o fato de que o Senhor, o Grande Mestre, é especialmente representado pelos irmãos. (1 Coríntios 11:5, 7, 10) Essa participação não precisa ser considerada ensinamento; pois, nem os irmãos que participam são mestres; conforme diz o apóstolo Paulo: “São todos os mestres?” Não, os mestres ou Anciãos são especialmente escolhidos, embora sempre dentre os homens. Efé. 4:11; 2 Tim. 2:24; 1 Cor. 12:28, 29

Volume 6, A Nova Criação, páginas 271-272 (Estudo Cinco: A Organização da Nova Criação, em inglês)

* Sombras do Tabernáculo dos Sacrifícios Melhores, p. 36.

OUTROS PONTOS DE VISTA:

Paulo disse, em 1 Coríntios 11:3-16, que as mulheres deviam cobrir a cabeça ao orar ou profetizar. Ele compara a mulher de cabeça descoberta com a mulher de cabeça rapada e afirma que a vestimenta dos homens e das mulheres deveria ser honrosa.

Na cidade de Corinto dos dias de Paulo, só uma prostituta rapava ou cortava seu cabelo curto. As mulheres decentes usavam um véu sobre a cabeça em público para mostrar que eram casadas e não estavam disponíveis. Mulheres sem véu na cabeça podiam ser consideradas imorais. A imoralidade sexual era um problema em Corinto e Paulo não queria que o modo de vestir das pessoas agravasse o problema.

Muito possivelmente, o conselho de Paulo foi dado por causa dessa questão cultural. Tanto é que não vemos em nenhuma outra parte do Novo Testamento uma repetição dessas instruções.

Costumes culturais do passado que foram abandonados

Um exemplo de costume cultural da Igreja primitiva era ungir a cabeça com azeite (ou “óleo”, dependendo da tradução) para obter a cura física ou espiritual:

“E expulsavam muitos demônios, e ungiam [aleipho] muitos enfermos com óleo, e os curavam.” (Marcos 6:13)

“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o [aleipho] com azeite em nome do Senhor; E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.” (Tiago 5:14, 15)

Não é de surpreender que os médicos em Israel tivessem desde tempos antigos conhecimento do uso de óleo ou azeite no processo curativo de doentes:

“Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo.” (Isaías 1:6)

Mas nenhuma eclésia (congregação) dos Estudantes da Bíblia entende hoje que quando alguém pede ajuda espiritual aos anciãos, óleo ou azeite deve ser usado ao se orar pelo irmão adoentado. Fica claro que o uso de óleo ou azeite tinha um fundo puramente cultural, e, por isso, não faz parte dos sacramentos e ordenanças atuais da Igreja.

Em apoio do uso cultural do óleo ou do azeite, é interessante notar que em Marcos 6:13 e Tiago 5:14, 15, a palavra grega “aleipho” foi usada, que era o termo comum, para uso medicinal, estético ou funerário, traduzido por “ungir”. Há também o ungir no sentido sagrado, espiritual ou religioso. Nesse caso, as palavras usadas são “chrio”  e “chrisma”, a exemplo de Lucas 4:18: “O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu [chrio] para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração.” (Veja também: Hebreus 1:9; Atos 4:27, 10:38. Confira, no grego, a palavra que foi usada.)

Visto que as eclésias de Estudantes da Bíblia não usam óleo ou azeite para ajudar alguém a se curar espiritualmente — pois entendemos que esse uso era estritamente cultural — alguns grupos e indivíduos aboliram ou restringiram o uso do véu (cobertura da cabeça) para as mulheres, pois entendem que a instrução de Paulo em 1 Coríntios 11 também era de fundo cultural.

O uso da cobertura de cabeça nas eclésias dos Estudantes da Bíblia ao redor do mundo

Dentro das eclésias, as pessoas devem seguir as normas culturais locais de decência. Por exemplo, em alguns países, a mulher ainda usa véu, por isso, nas eclésias de tais países as irmãs costumam usar véu. Mas uma mulher decente em muitos países ocidentais pode andar na rua com a cabeça descoberta e ter cabelo curto. Isso não significa que é uma mulher imoral nem rebelde. 

Possivelmente por influência religiosa, nos Estados Unidos, a maioria das irmãs usa uma pequena cobertura de cabeça:

O consenso geral é que essa cobertura deve ser usada ao se orar. Também, a maioria das irmãs naquele país usa a cobertura durante toda a reunião. Mas há eclésias que entendem que o uso de véu, ou de cobertura, por ser cultural, não deve ser obrigatório. Aqui no Brasil, na atual eclésia dos Estudantes da Bíblia Bereanos, a cobertura só tem sido usada quando uma irmã vai orar.

Naturalmente, nenhuma irmã gostaria de se tornar uma “pedra de tropeço” para  alguém. Assim, se essa irmã estiver numa eclésia onde a norma é usar a cobertura de cabeça, ela talvez prefira abrir mão de sua “liberdade em Cristo” para manter a união e não fazer alguém tropeçar. (1 Coríntios 10:32, Mateus 18:6) 

Quer se decida usar a cobertura durante toda a reunião, quer apenas ao orar, ou quer se entenda que o uso de cobertura não é obrigatório em nossos dias, devemos sempre nos lembrar do conselho de Colossenses 3:17:

“Tudo o que fizerem, seja em palavra seja em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai.”

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