Como são formadas as eclésias dos Estudantes da Bíblia?


(Foto acima: Irmãos da Eclésia de Chicago, uma das maiores eclésias dos EUA.)

As Escrituras Sagradas nos admoestam, em Hebreus 10:24: “Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia.” Assim, os cristãos têm a obrigação de se reunirem constantemente como “igreja”. Essa palavra não tem o significado primário de um local físico. A palavra “igreja” é uma tradução da palavra grega “ekklesia”, que significa “o que é chamado ou convocado”. Conforme E. W. Bullinger diz, esta palavra foi usada como “qualquer assembleia, mas especialmente de cidadãos, ou de uma seleção deles”. Em obediência a essa ordem, os Estudantes da Bíblia se reúnem periodicamente, quer em locais físicos (preferencialmente), quer pela internet ou mesmo por telefone.
A formação de eclésias (congregações)

Nenhuma eclésia “forma”, “funda” ou “abre” outra eclésia, isso porque não temos uma hierarquia central de onde todas as normas de conduta e entendimentos doutrinais emanam, e, portanto, as eclésias são independentes e soberanas. Porém, assim como no primeiro século, ajuda é fornecida para que cristãos de determinada localidade cresçam no conhecimento e na graça de Deus. Essas ajudas são em forma de estudos bíblicos e publicações, ou mesmo por meio de visitas de “peregrino” para encorajamento do(s) indivíduo(s) interessado(s). Com o tempo, tal cristão poderá produzir frutos e ajudar outras pessoas a conhecerem a Verdade. Assim, inicialmente, pode acontecer que um grupo de estudo na localidade de tal cristão seja formado.
O progresso de um grupo de estudo

Para que o novo grupo cresça em maturidade, entendimento e na graça de Deus, é desejado que continue recebendo a ajuda de uma eclésia e/ou indivíduo(s) que continuará(ão) provendo toda a ajuda necessária por meio de estudos bíblicos, publicações, reuniões online, convenções, visitas pessoais, etc. É importante também que essa(s) pessoa(s) não tenha(m) vínculo algum com religiões que não pregam as verdades fundamentais, pois todo cristão precisa estar fora de “Babilônia, a Grande”. Devem ser aptas a publicamente divulgarem a Verdade sem impedimentos em qualquer campo, incluindo o da moral cristã. No tempo apropriado, os membros do novo grupo se consagrarão a Deus e simbolizarão essa consagração por meio da imersão (batismo). Mas nesse ponto, ainda não são uma eclésia.
Quando um grupo de estudo se torna uma eclésia

Uma eclésia precisa ser composta de pelo menos um ancião eleito e dois outros membros consagrados e batizados. Isso porque é o próprio grupo que decide se transformar numa eclésia, realizando para isso, uma votação. Apenas os irmãos consagrados e batizados podem se candidatar ao cargo de ancião, que é um cargo de ensino. Dezesseis requisitos para anciãos estão alistados em 1 Timóteo 3:1-7. Há outros em textos como Tito 1:5-9 e Tiago 3:17, 18. Há também o cargo de diácono, que é um cargo de serviço dentro da eclésia. Os requisitos para diáconos estão descritos em 1 Timóteo 3:8-10, 12, 13. Os diáconos ajudam na recepção dos convidados, na passagem de microfones, na organização do local de reunião, etc. Por não se tratar de um cargo de ensino, em algumas raras ocasiões e por necessidade, pode ser que uma irmã consagrada e batizada seja eleita como diaconisa. (Obs.: Não é o costume geral entre os Estudantes da Bíblia. Para maiores informações, veja: O papel das mulheres Estudantes da Bíblia.) Os diáconos também podem ser treinados para o cargo de anciãos. Nesse sentido, recebem, de tempos em tempos, designações de ensino. Essas designações servem para que eles sejam “provados primeiro”. (1 Tim. 3:10. Esse texto também se aplica à própria escolha dos diáconos.)
A eleição de anciãos e diáconos

O grupo, antes de se estruturar como eclésia, deverá marcar uma “reunião de negócios”, onde assuntos gerais do grupo são tratados. Tais reuniões, em eclésias já estabelecidas, costumam ocorrer com certa frequência, determinada pelos membros locais. Quando se decide realizar uma eleição para anciãos e/ou diáconos, um presidente (geralmente um ancião ou o irmão que está tomando a liderança local) é escolhido para presidir a reunião em que a votação será feita. Na reunião de negócios, os nomes para anciãos e diáconos são sugeridos. Apenas membros consagrados participam desse processo. Também, uma pessoa não pode sugerir nem aprovar seu próprio nome. Assim, um nome precisa ser sugerido por alguém e aprovado por outro, para, só então, ir para a votação, que será realizada em outra reunião. A regra geral, em eclésias já estabelecidas, é que apenas os nomes dos que já servem como diáconos sejam sugeridos para o cargo de ancião. Isso está em harmonia com o conselho bíblico de “não por as mãos apressadamente sobre alguém” (1 Tim. 5:22). Se alguém sugerir um nome e ninguém disser “aprovado”, esse nome não vai para a votação. Espera-se que cada nome aprovado seja considerado de modo sincero e profundo, por meio de oração, pelos membros consagrados que exercerão o voto. Não se deve votar em um nome por pressão da maioria, conveniência, nepotismo, favoritismo, ou “política”. Isso seria uma afronta ao arranjo estabelecido por nosso Cabeça, Jesus. Apenas quando todos votam da maneira correta é que se pode dizer que a vontade da maioria reflete a vontade do Senhor. “Portanto, irmãos, escolhei dentre vós Sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste ministério.” (Atos 6:3) Os cargos eletivos não são vitalícios; de tempos em tempos novas eleições devem ser feitas onde o processo de escolha se repete. Com raras exceções, as votações devem ser feitas dentro do âmbito local, isto é, para a formação de eclésias em determinada localidade e apenas com membros daquela localidade.
A reunião de votação

De acordo com o procedimento bíblico descrito em Atos 14:23, onde diz: “E, havendo-lhes, por comum consentimento, eleito anciãos em cada igreja…”, nas votações os nomes indicados são elegidos pelo voto da maioria. A palavra “eleitos”, nesse texto, em grego é χειροτονήσαντες  (cheirotonēsantes). Segundo a Nova Concordância Exaustiva de Strong, essa palavra advém do verbo cheirotoneo (χειροτονεω, número Strong: 5500) de um comparativo de 5495 e teino (esticar). Possui os seguintes significados básicos: 1) votar pelo ato de estender a mão 2) criar ou nomear pelo voto: alguém para exercer algum ofício ou dever 3) eleger, criar, nomear.
O presidente da reunião de votação deve conduzir o processo. Os nomes aprovados previamente na reunião de negócios serão mencionados e a votação será feita, quer pelo levantamento de mãos (indicando a aprovação), quer por votação secreta, depositando uma cédula numa urna com o(s) nome(s) escolhido(s). Em ambos os casos, a contagem de votos é feita e os nomes aprovados são anunciados. Para a eleição de anciãos e diáconos, espera-se uma aprovação mínima de 75%. Para as demais votações (dias de reunião, convenções, aprovação de oradores, matéria a ser estudada, iniciativas de pregação, etc.) basta haver uma maioria simples. No caso de ser a primeira votação para ancião realizada por um grupo, após a escolha dessa pessoa, o grupo se transforma oficialmente numa eclésia.
Reconhecimento de eclésias

Por não termos uma hierarquia centralizada, o fato de uma eclésia se formar não significa que a mesma será automaticamente reconhecida por outras eclésias. Recomenda-se muita cautela nesse sentido, pois uma eclésia reconhecida como tal prematuramente pode causar muito dano ao grupo, como um todo. O não reconhecimento de uma eclésia (recém-fundada ou mesmo já estabelecida) pode ocorrer pelos seguintes fatores, entre outros:
  • Desvio grave nas doutrinas fundamentais (Por exemplo, não pregar a chamada celestial, não aceitar que o Resgate é para todos, etc.)
  • Escolha de anciãos não foi feita de acordo com os padrões bíblicos
  • Falta de cooperação com a eclésia que ajudou o grupo original a atingir a maturidade
  • Grupo se denomina uma eclésia sem nunca ter tido votações
  • Pessoas inexperientes que se separaram de uma eclésia estabelecida e “resolveram” formar prematuramente sua própria eclésia e/ou “movimento”
  • Líder do grupo que não exibe características compatíveis com o cristianismo
Essa situação ocorria também no primeiro século:
 
Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.” (1 Coríntios 5:11)
“Pois, se alguém tem pregado a vocês um Jesus que não é aquele que pregamos, ou se vocês acolhem um espírito diferente do que acolheram ou um evangelho diferente do que aceitaram, vocês o toleram com facilidade. Todavia, não me julgo nem um pouco inferior a esses “superapóstolos”.” (2 Coríntios‬ ‭11:4-5‬, NVI‬‬)
Assim, cabe a cada eclésia determinar se colaborará, ou não, ou mesmo se reconhecerá, ou não, outra eclésia como integrante legítima dos Estudantes da Bíblia.Reconhecimento como “Estudante da Bíblia”

Para ser reconhecido como Estudante da Bíblia (isto é, apoiador desse Movimento) o recomendado é que não  seja um neófito, isto é, alguém que não conheça as crenças fundamentais do grupo e mesmo suas crenças secundárias mais importantes. Para isso é necessário, no caso de alguém que não conhece as verdades fundamentais, um estudo bíblico com tal pessoa. No caso de alguém que já conhece as doutrinas fundamentais ela também precisa conhecer os pontos que tornam alguém distintivamente um Estudante da Bíblia, e crer neles, como a Salvação Para Todos, as Duas Salvações (Céu e Terra), etc., entre outros. Ou seja, é necessário algum tempo de associação e estudo com tal pessoa para que ela seja batizada e/ou vista como Estudante da Bíblia. Tal pessoa deverá ter também uma vida limpa perante Deus. Pessoas que estão vivendo em pecado precisam primeiro se arrepender e dar meia-volta, deixando de praticar o pecado por um tempo suficiente para provar que o mesmo foi vencido. Essas coisas estão de acordo com os princípios de discipulado da Bíblia e também com o seguinte princípio: “Não imponhas as mãos precipitadamente sobre alguém, nem participes dos pecados dos outros; conserva-te, pois, em pureza de vida.” (1 Timóteo 5:22) (Obs.: Estamos falando de alguém ser reconhecido como um Estudante da Bíblia, isto é, apoiador e divulgador desse Movimento religioso formado pelo Pastor Russell em meados de 1870. Não estamos nos referindo a alguém ser reconhecido como cristão, que estão espalhados por toda a Terra e associados com outros grupos religiosos que defendem verdades.)

Colaboração entre eclésias

Quando uma eclésia é aceita por outra, pode haver diversos tipos de colaboração entre elas. Oradores (aprovados por voto da maioria ou por uma comissão designada) podem ser usados para dar discursos na outra eclésia e vice-versa. Publicações podem ser compartilhadas e/ou adaptadas para a necessidade da eclésia local, com a devida aprovação da eclésia e/ou indivíduo responsável pela autoria da publicação. Testemunho público em conjunto pode ser coordenado entre as eclésias. Convenções podem ser realizadas reunindo-se diversas eclésias, etc.
A título de exemplo, nosso ministério, Os Estudantes da Bíblia, também está associado e coopera de perto com diversas eclésias e grupos do exterior, entre eles:
Atividades da eclésia vs. iniciativa pessoal

Há que se fazer uma distinção entre atividades que são decididas por voto e aquelas que são frutos de iniciativa pessoal. Conforme o costume amplamente aceito entre os Estudantes da Bíblia desde a época do Ir. Russell, cada eclésia é independente e soberana, e decide ela mesma, por meio de voto entre seus membros consagrados, assuntos que afetam apenas a eclésia em si, e não as demais.
Entre as coisas que costumam ser assunto de votação estão:
  • Escolha de anciãos
  • Escolha de diáconos
  • Escolha de um(a) secretário(a) para cuidar das finanças da eclésia (com plena e transparente prestação de contas à mesma)
  • Atividades envolvendo Testemunho Público
  • Escolha de oradores visitantes
  • Matéria a ser estudada (Em algumas eclésias, os anciãos decidem entre si por meio de voto, ou há comitês formados para isso.)
  • Escolha de dia, horário e frequência das reuniões
Os membros das eclésias costumam ser livres para fazer seus próprios arranjos concernentes à divulgação do Evangelho. Assim, não cabe a nenhuma eclésia controlar, coibir ou, de outro modo, interferir em esforços pessoais como:
  • Páginas ou grupos de Facebook ou outras mídias sociais
  • Canais no YouTube
  • Sites para divulgar os Estudantes da Bíblia e a Verdade
Conselhos, no entanto, poderão ser dados pelo(s) ancião(s) da eclésia caso tais atividades estejam, de algum modo, denegrindo, difamando, ou representando mal a obra da eclésia local ou do Movimento dos Estudantes da Bíblia como um todo.
Uma eclésia não quer, de modo algum, ser acusada de estar formando uma nova “Torre de Vigia”. Como exemplo, este site www.cristaoseb.org, o canal do YouTube “Cristãos Estudantes da Bíblia” e as páginas em mídias sociais não se propõem a serem uma ferramenta usada para, de alguma forma, controlar, impor regras e ditar doutrinas aos demais membros que nos acompanham pela internet. De fato, tais sites são iniciativas pessoais e estão desvinculados da esfera de influência de qualquer eclésia formada. Também, seu administrador não pretende que os mesmos sejam vistos como alguma forma de “Organização”, “Entidade Religiosa”, “Corpo Governante”, ou qualquer outro tipo de controle hierárquico encontrados em muitas religiões da atualidade.
Eclésias pela internet
Embora não seja a regra, em alguns casos é possível  que se forme uma eclésia com membros que não moram na mesma localidade mas se reúnem pela internet. Isso pode favorecer aqueles que estão isolados em suas regiões, isto é, onde não há grupos ou eclésias perto de onde vivem. Nesses arranjos “ampliados”, as regras para votação e escolha de anciãos, diáconos, secretário(a) devem ser as mesmas.
Conclusão

A formação de eclésias é um processo gradual; é o fruto do amadurecimento dos membros locais, geralmente ajudados por indivíduos já consagrados ao Senhor e, acima de tudo, por Deus:
“Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.” (1 Coríntios 3:6-9)
Devemos buscar a união entre nós, mas não a unificação forçada de cada nuance doutrinal ou regras não especificadas claramente na Bíblia. Devemos nos lembrar que todos estamos debaixo do mesmo Cabeça, o Senhor Jesus e de nosso Pai Celestial, Yahweh (Jeová):
“Ele [Jesus] é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia. Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz. Antes vocês estavam separados de Deus e, na mente de vocês, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês. Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação, desde que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do evangelho, que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu. Esse é o evangelho do qual eu, Paulo, me tornei ministro.” (Colossenses‬ ‭1:17-23‬, NVI‬‬)
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