O nome Jeová e os Estudantes da Bíblia

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Os Estudantes da Bíblia usam o nome Jeová?

Sim, usamos. Alguns preferem a forma Yahweh, por ser considerada mais exata pelos eruditos. Desde a época do Irmão Russell, o nome Jeová tem sido usado. Porém, os Estudantes da Bíblia não fazem um uso abusivo e banal do Nome Divino. Seguimos o padrão do primeiro século, em que os termos Pai e Deus eram usados com mais frequência por Jesus e seus seguidores. É digno de nota que, mesmo na oração-modelo, Jesus não usou o Tetragrama (Jeová), tendo preferido o termo mais íntimo e achegado, “Pai Nosso”. (Mateus 6:9-13)

É correto “restaurar” o Nome Divino no Novo Testamento (Escrituras Gregas)?

A maioria acredita que não, incluindo o autor deste artigo. Não existe um fragmento sequer, dos milhares existentes, contendo o Tetragrama Sagrado YHWH  (יה-וה) nas Escrituras Gregas (NT). Tudo indica que, no tempo de Jesus, era um tabu pronunciar o Nome Divino. Mas Jeová parece estar mais preocupado com o modo que a humanidade percebe Sua pessoa do que com a forma escrita ou pronunciada de seu nome. Assim, ele trasferiu toda a autoridade para o nome de seu Filho, Jesus:

Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos”. (Atos 4:12)

Acreditamos que Jeová tenha usado o nome de Jesus (e a pessoa de Jesus) para se revelar mais plenamente aos humanos. Um dos nomes de Jesus é Emanuel, que significa “Deus conosco”:

““A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamarão Emanuel” , que significa “Deus conosco”.” (Mateus 1:23, NVI

Estaria o nome Jeová representado no nome Jesus? É uma possibilidade:

“Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um.” (João 17:11,  NVI)

De fato, ao usarmos o nome de Jesus e darmos glória e honra e ele, estamos dando glória e honra ao Pai, Jeová:

“Jesus, pois, lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo o que ele fizer, o faz também semelhantemente o Filho. Pois o Pai ama ao Filho e lhe mostra tudo o que faz, e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vós vos maravilheis. Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida aos que ele quer. O Pai a ninguém julga, mas tem dado todo o julgamento ao Filho, a fim de que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai, que o enviou.” (João 5:19‭-‬23 TB10

Como saber se a palavra Senhor, no Novo Testamento (Escrituras Gregas) refere-se a Jeová ou a Jesus? 

A palavra “Senhor”, no grego coiné da Bíblia, é kyrios ou kurios (κύριος), que significa “Senhor”, “Lorde” ou “Mestre” e é utilizada como sinônimo de Deus ou Jesus. 

Existe uma regra geral de que, quando Kyrios era precedido do artigo definido grego “ho” (ou suas formas flexionadas), referia-se a Jesus. Sem o artigo, poderia* se referir a Yahweh. (*”Poderia” porque muitas vezes os escritores aplicavam a Jesus textos do Velho Testamento, que originalmente se referem a Jeová.)

Sabemos que essa regra é geralmente correta, ao analisarmos a tradução grega do Salmo 110:1 que diz:  “Diz Jeová ao meu Senhor:  Senta-te à minha mão direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.” (Salmos 110:1, TB10

Esse texto, ao ser citado em Lucas 20:42, ficou assim: “Disse Kyrios (sem artigo) ao  to Kyrio (com artigo “to” flexionado no caso dativo).

Vemos então que Jeová foi substituído por Kyrios, sem artigo definido.

Para saber se “Senhor” refere-se a Deus ou a Jesus, basta procurar uma Bíblia interlinear e ver se, no grego original, a palavra Kyrios aparece com artigo ou não.

Duas observações sobre esse método precisam ser levadas em conta:

  • Variações textuais. Em certo manuscrito a palavra pode aparecer com artigo, mas em outros, não. Isso daria margem para Kyrios referir-se a Jeová ou a Jesus.
  • Muitas vezes o autor, por inspiração, aplicava a Jesus um texto do Velho Testamento (Escrituras Hebraicas) que fala de Jeová. Podemos ver isso em Hebreus 1:10-12, onde Paulo aplica Salmos 102:25‭-‬27 ao próprio Jesus Cristo (mas Salmos fala de Jeová). Por isso, mesmo os tradutores da TNM, das Testemunhas de Jeová, que têm a política de usarem Jeová toda vez que Kyrios for uma citação de um texto onde no Velho Testamento aparece Jeová, deixaram, em Hebreus 1:10-12, “Senhor”, pois o contexto claramente indica que é de Jesus que está se falando:

Isso prova que, no final das contas, mesmo que a citação no Novo Testamento seja de um texto do Velho Testamento onde aparece o nome Jeová, ainda assim pode estar se aplicando ao Senhor Jesus.  E isso é muito sério. Assim como não podemos retirar o nome de Deus do Velho Testamento, não podemos incluí-lo no Novo Testamento, quando não se tem prova definitiva que ele estava lá:

“Declaro a todos os que ouvem as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhe acrescentar algo, Deus lhe acrescentará as pragas descritas neste livro. Se alguém tirar alguma palavra deste livro de profecia, Deus tirará dele a sua parte na árvore da vida e na cidade santa, que são descritas neste livro.”(Apocalipse 22:18‭-‬19, NVI)

Mas será que é correto chamar a Jeová de “Senhor”?

Como vimos, é verdade que o nome distintivo de Deus é Jeová (Yahweh, Javé, Iavé, etc.), representado por quatro letras hebraicas (יהוה), o Tetragrama. Mas a Bíblia também se refere a Deus por títulos, e um deles é Senhor. Prova disso encontra-se em Apocalipse 11:15. Assim, não é errado usar o título “Senhor” para se referir a Deus. Acima de tudo, o cristão verdadeiro, que é filho de Deus, imitará a Jesus e chamará a Deus pelo íntimo termo “Pai”.

A Bíblia também usa “Senhor” para se referir a Jeová. Nesses casos legítimos, o Tetragrama não aparece no texto original.

Que dizer dos que argumentam que a forma correta do nome é outra (Yaohu, Yuhu, etc.) e que se não usarmos uma dessas formas estamos ofendendo a Deus?
Achamos que esse argumento não tem o menor fundamento, e beira o “preciosismo”. O importante não é a pronúncia correta ou a escrita correta, mas sim qualquer forma transliterada do Nome em determinado idioma. A própria Bíblia usa o nome de Deus de forma abreviada “Jáh” (como em SALMO 150:6). Se as regras para o uso do Tetragrama fossem tão rígidas assim, dificilmente seria permitido usar uma abreviatura do Nome, mas no entanto, a Bíblia usa. Não apenas isso, mas a Bíblia usa o Nome Divino incorporado em nomes comuns (como Joel, que significa “Yahweh é Deus”). Quando a Bíblia Hebraica foi traduzida para o grego, na chamada Septuaginta, todos esses nomes foram transliterados para o grego. Os primeiros cristãos usavam essa Bíblia e não há registro histórico de comentários sobre não usar tais nomes transliterados. Resumindo: Ninguém se torna “mais santo” ou mais aceitável a Deus por usar essa ou aquela forma do nome. Precisamos tomar cuidado com essa postura elitista, que acaba desviando a atenção das coisas realmente mais importantes: não a pronúncia ou a escrita de certo nome, mas o que  ensinar sobre o Deus verdadeiro, seu Plano e Caráter.
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