“Embora os poderes existentes, os governos deste mundo, tenham sido ordenados ou arranjados por Deus, para que a humanidade obtivesse assim uma experiência necessária sob eles, porém, a Igreja, os consagrados que aspiram oficiar no futuro Reino de Deus, não deveriam cobiçar as honras e nem os lucros oferecidos por eles; tampouco deveriam opor-se a estes poderes. São concidadãos e herdeiros do reino celestial (Efésios 2:19), e como tais não deveriam esperar mais direitos e privilégios dos reinos do mundo do que os que são concedidos aos estrangeiros. Sua missão não é ajudar a melhorar a condição atual do mundo e nem se envolverem nas questões sociais da atualidade. Se tentassem tal coisa isto seria um desperdício de esforços, porque o curso deste mundo e o seu fim estão claramente indicados nas Escrituras e encontram-se sob o pleno domínio Daquele que, a seu próprio tempo, há de nos dar o reino. A influência da verdadeira Igreja tem sido sempre, e ainda o é, tão insignificante, que politicamente não é nem sequer digna de menção; e mesmo que tal influência se revestisse de certas proporções, devemos seguir o exemplo e o ensino de Jesus e de seus apóstolos. Estando certos de que o propósito de Deus é de que o mundo ponha à prova sua capacidade de governar a si mesmo, a Igreja embora esteja no mundo, não deve tornar-se parte do mundo. Somente em sua condição de separação, e deixando brilhar sua luz de tal modo que o espírito da verdade CONVENÇA o mundo, é que os santos podem exercer sua influência sobre ele. Desta maneira, ao invés de lançarem mão do método amplamente seguido de misturarem-se com a política e, junto com o mundo, maquinarem tramas para obter o poder, vendo-se assim obrigados a tomar parte nas contendas, nos pecados e na ampla degeneração, os santos devem, porém, reprovar o pecado e a desordem, apoiando toda lei justa, proclamando o prometido Reino de Deus e destacando as bênçãos esperadas sob ele. A futura Noiva do Príncipe da Paz, como representante do seu Senhor no mundo, ataviada em sua gloriosa castidade, deveria constituir-se num poder para a promoção do bem.
A Igreja de Deus deveria dedicar toda sua atenção e todos os seus esforços para pregar o Reino de Deus, e no avanço dos interesses deste Reino, de acordo com o plano indicado nas Escrituras. Se isto for feito fielmente, não haverá nem o tempo e nem o desejo de intrometer-se na política dos governos atuais. O Senhor não teve nem o tempo e nem o desejo de fazer isto; tampouco o tiveram os apóstolos, nem quaisquer dos santificados que têm seguido seu nobre exemplo.
Pouco depois da morte dos apóstolos, a Igreja primitiva tornou-se presa desta mesma tentação. A pregação da vinda do Reino de Deus que destronaria todos os outros reinos terrestres, e a pregação acerca do Cristo crucificado como herdeiro desse Reino, não encontrou acolhida popular, mas atraiu sim, sobre ela, as perseguições, a infâmia e o desprezo. Houve alguns que pensaram em aprimorar o plano de Deus, ao invés de sofrer, fazendo com que a Igreja obtivesse uma posição de favor perante o mundo, por meio de acordos com os poderes terrestres. Como resultado, se desenvolveu o Papado, a Igreja de Roma, a qual, com o tempo, tornou-se rainha e amante das nações. — Apocalipse 17:3-5; 18:7” (O Plano Divino das Eras, pp. 266-268)
Em diversos livros e artigos de Estudantes da Bíblia atuais, essa mesma postura também tem sido expressa. Veja, por exemplo, a tradução parcial do seguinte artigo publicado em O Arauto de setembro/outubro de 2006: O cristão e a política — Um mundo dividido Qual partido político dos EUA os Estudantes da Bíblia deveriam apoiar: o Partido Democrata, o Republicano ou algum outro partido? Isso seria o mesmo que perguntar aos apóstolos: Qual grupo político/religioso apoiariam, os fariseus, os saduceus ou os herodianos? Como estudantes da Bíblia, nosso apoio é ao nosso Senhor e ao reino que ele está estabelecendo, não aos “céus” e “terra” presentes reservados para a destruição. (2 Pedro 3: 7) Durante esta era do Evangelho, as Escrituras advertem os cristãos a permanecerem separados dos assuntos terrestres: “Pois a nossa cidadania está nos céus.” (Filipenses 3:20) “Agora, somos embaixadores de Cristo.” (2 Coríntios 5:20) “Se meu reino fosse deste mundo, os meus servos lutariam.” (João 18:36) “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” (2 Timóteo 2: 4) Não há exemplos no Novo Testamento de cristãos que entram para a arena política. Os cidadãos do céu não devem ficar enredados na política da Terra. Aqui na Terra, um embaixador não deve interferir na política de seu país anfitrião. Aqueles da Nova Criação estão sendo preparados para uma obra futura como reis e sacerdotes da Terra. (Apocalipse 20:6) Devem ser pacientes, submeter-se ao cronograma de Deus para mudar o mundo e não caminhar à frente do Senhor como o Rei Saul, quando ele pessoalmente ofereceu sacrifícios a Deus porque Samuel não estava lá (1 Samuel 13) Saul pagou caro por essa transgressão. Há aqueles que estão trabalhando arduamente para tornar a América uma “Nação Cristã”. Embora às vezes possamos admirar suas boas intenções, eles estão se adiantando a Deus e trabalhando contra seus planos para destruir os céus presentes (arranjos religiosos) e a Terra (governo civil) (Veja Daniel 2:44) Assim, de modo geral, os Estudantes da Bíblia não participam da vida política, nem costumam votar. Mas se alguém decidir fazê-lo, não seria “desassociado” (expulso). O modo como a pessoa seria vista na eclésia local, ou, no caso dos homens, se exerceria ou não cargos de ancião ou diácono, dependeria em muito do tipo do envolvimento político (por ex.: votar x candidatar-se), bem como da inclinação geral da eclésia sobre o assunto, visto que a escolha de anciãos e diáconos é feita localmente pelos membros consagrados. Nosso respeito pelas autoridades constituídas Vivemos em um mundo politicamente conturbado. Mas isso não é uma novidade. Os primeiros cristãos, por exemplo, viviam debaixo do jugo romano. O primeiro caso documentado de perseguição aos cristãos pelo Império Romano direciona-se a Nero. Em 64 d.C., houve o grande incêndio de Roma, destruindo grandes partes da cidade e devastando economicamente a população romana. Nero, cuja sanidade já há muito tempo havia sido posta em questão, era o suspeito de ter intencionalmente ateado fogo. Em seus Anais, Tácito afirma que:
“Para se ver livre do boato, Nero prendeu os culpados e infligiu as mais requintadas torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamada cristãos pelo populacho.”
Ao associar os cristãos ao terrível incêndio, Nero aumentou ainda mais a suspeita pública já existente e, pode-se dizer, exacerbou as hostilidades contra eles por todo o Império Romano. As formas de execução utilizadas pelos romanos incluíam crucificação e lançamento de cristãos para serem devorados por leões e outras feras selvagens.
Os Anais de Tácito informam:
“… uma grande multidão foi condenada não apenas pelo crime de incêndio mas por ódio contra a raça humana. E, em suas mortes, eles foram feitos objetos de esporte, pois foram amarrados nos esconderijos de bestas selvagens e feitos em pedaços por cães, ou cravados em cruzes, ou incendiados, e, ao fim do dia, eram queimados para servirem de luz noturna.”
Em virtude dessa cruel perseguição, como deveria ser a reação dos verdadeiros cristãos? Deveriam revidar? Deveriam expôr publicamente os erros dessas autoridades políticas? Vejamos o que nosso querido irmão em Cristo, o apóstolo Paulo foi inspirado a escrever sobre isso:
“Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador…” (1 Tim. 2:1-3)
Fica claro que a postura do cristão é a de respeitar essas autoridades, mesmo que elas cometam abusos contra os próprios cristãos. Isso está em harmonia com as palavras de nosso Senhor, que disse:
“Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus.” (Mat. 5:44, 45)
Assim, os Estudantes da Bíblia, embora não sejam proibidos de votar, não se envolvem nas brigas políticas atuais. Preferem adotar uma posição de neutralidade nesses assuntos, ao passo que são respeitosos para com todas as autoridades políticas, e mesmo oram por elas.
Muito bom gostei. Sou um eterno aprendiz da biblia