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Atos 1:8 (NVI) diz: “Vocês serão minhas testemunhas … até os confins da terra”. Quando o Irmão Russell iniciou sua obra com um pequeno grupo de estudos em meados de 1870, mal podiam imaginar que, um dia, o Movimento dos Estudantes da Bíblia cresceria e se tornaria internacional. A seguir apresentaremos uma história resumida de como os Estudantes da Bíblia se estabeleceram no Brasil. Este é um artigo em construção, fruto de nossas pesquisas históricas e contato com Estudantes da Bíblia de todo o mundo.
1899 — Irmã Sarah
Os primeiros raios de luz atingiram o Brasil no fim do século 19. Em 1867, Sarah Bellona Ferguson emigrou com sua família dos Estados Unidos para o Brasil. O Irmão Russell iniciou a publicação de A Torre de Vigia de Sião em 1879. Em 1899, a Irmã Sarah sabia que havia encontrado a verdade depois de ler algumas publicações que seu irmão mais novo trouxe dos EUA para o Brasil. Ela logo assina a revista A Torre de Vigia, retira-se da Igreja Metodista e consagra-se a Deus.
Sarah ficou emocionada com a mensagem da Bíblia. Tanto que ela escreveu para o Irmão Russell uma carta dizendo que ela era “a prova viva de que não há nada muito longe que não possa ser alcançado”.
Em 1912 ela recebeu uma visita de peregrino, e o irmão que a visitou trouxe mil folhetos Onde Estão os Mortos? em português. Ela escreveu muitos artigos para um jornal dos Estudantes da Bíblia, chamado Saint Paul’s Enterprise.
O jornal Saint Paul’s Enterprise era usado
pelos Estudantes da Bíblia para divulgar
a Verdade Presente
1916 — Irmão Tavel
O Relatório da Convenção de 1916 conta sobre o Irmão Tavel, que morava no Brasil e falava português e italiano, e entendia um pouco de inglês.
De acordo com suas próprias palavras:
“Gostaria de dizer que o campo é bom e que a obra do Pastor Russell é necessária para fomentar o estudo da Bíblia e tirar de Babilônia … muitas almas famintas.”
Ele também escreveu: “Na capital, em Salvador, temos cerca de 15 pessoas que se correspondem comigo e eu as visito regularmente duas vezes por mês”.
Vemos aí uma indicação de um dos primeiros grupos de Estudantes da Bíblia no Brasil, já em 1916. Note que eles estavam a 12 km de distância da Irmã Ferguson, em São Paulo (onde ela e seu filho se reunia) mas não há indicações de que ambos os grupos mantinham contato.
O Irmão Tavel era um ex-bispo romano
e um ex-ministro batista
Década de 1920 — Movimento Missionário Epifania
Segundo o tratado “Quem Somos e o Que Cremos”, “o Movimento Missionário “Epifania” — MME (The Laymen’s Home Missionary Movement – LHMM, nos EUA) em sua forma atual, foi originado em 1920 quando o Professor Paul S. L. Johnson — um notável erudito no domínio da Bíblia hebraica e da Bíblia grega — e o Professor Raymond G. Jolly — assistente geral do Prof. Johnson, professor e também erudito no domínio da Bíblia grega — (ambos terminaram os estudos universitários com elevada distinção) e mais outros, precisavam de um nome com o objetivo de prover publicações e outros meios para desenvolver o trabalho evangélico, sem pertinência denominacional.”
Os seguidores de Paul S. L. Johnson são o grupo de Estudantes da Bíblia que mais difere, depois das Testemunhas de Jeová, dos Estudantes da Bíblia originais. Entre outras crenças, os membros do MME pregam que a chamada celestial já está encerrada, sendo que Paul S. L. Johnson, seu fundador, foi “o último membro dos 144 mil”, e, Raymond G. Jolly, seu sucessor, “o último membro da Grande Multidão” celestial.
Não temos informações de quando os primeiros membros desse grupo vieram para o Brasil, mas sem dúvida foi depois de 1920, ano de formação do grupo. Estabeleceram eclésias (congregações) em São José dos Pinhais, no Paraná.
O Movimento Missionário Epifania não é
o primeiro grupo de Estudantes da Bíblia no Brasil
1980-Dias atuais — Família Hagensick
Por volta dos anos 80, os Hagensicks (Carl e Marge Hagensick) visitaram o Brasil pela primeira vez.
Aqui eles conheceram Bertoldo Fonsaca e sua esposa Lúcia, junto com o resto da família, um total de 7 pessoas. Por volta de 1990, o irmão Fonsaca traduziu o livro O Plano Divino das Eras para o português. Esse livro tem sido fundamental para levar a verdade ao povo brasileiro.
Os Hagensicks fizeram diversas visitas ao Brasil, e, depois que o Irmão Carl terminou sua carreira terrestre, a Irmã Marge continuou dando apoio à obra em nosso país com sua presença em algumas de nossas convenções até o fim de sua própria carreira terrestre. Foi sem dúvida um privilégio contar com a experiência de vida de um dos santos atuais de Deus.
Irmã Marge numa Convenção dos Estudantes
da Bíblia em São Paulo
da Bíblia em São Paulo
1990 — Família Fonsaca
Em uma das visitas da Irmã Marge ao Brasil, mais precisamente a São José dos Pinhais, a Irmã Marge visitou um grupo do Movimento Epifania, seguidores de Paul Johnson. Embora esse grupo seja antigo no país, não foi o primeiro grupo de Estudantes da Bíblia a se estabelecer aqui. Uma das características desse grupo é afirmar que a chamada celestial está encerrada. Por meio de argumentos bíblicos, a Irmã Marge defendeu que a chamada celestial ainda está aberta para nós. O Irmão Fonsaca, sua esposa Lúcia e seu filho se convenceram disso, e se separaram daquele grupo. Por muitos anos o Irmão Fonsaca foi o representante dos Estudantes da Bíblia Aurora.
A família Fonsaca — os primeiros
“Auroristas” do Brasil
Década de 1990 — Irmão Eric Will
Há uma história interessante sobre um irmão, chamado Eric Will, que esteve por quase 80 anos envolvido com o protestantismo, a convite de um pastor protestante. Quando esse pastor se aposentou, o Irmão Eric foi convidado para pastorear a igreja. Então, depois de 50 anos nessa igreja, o Irmão Eric finalmente entrou em contato com os irmãos no Brasil e recebeu a tradução que o Irmão Fonsaca fez do livro O Plano Divino das Eras. Ele logo foi convidado a abandonar aquela igreja, e, ao sair, deu uma cópia do livro O Plano Divino das Eras a todos os membros da igreja. Um mês depois de distribuir o último desses livros, ele morreu. Seu trabalho foi “concluído”, diz a revista O Arauto. O irmão Fonsaca, infelizmente também faleceu, por volta do ano 2000.
2015-atual — Os Cristãos Estudantes da Bíblia e outros ministérios apoiadores
A revista A Aurora começou a ser traduzida em português em 2009. Por volta de 2011, o Irmão André Couceiro, que era tradutor e intérprete em Betel, começou a ler a obra Estudos das Escrituras, disponível na Biblioteca do Departamento de Tradução, e se convenceu de que os Estudantes da Bíblia tinham mais verdades que as Testemunhas de Jeová. Seguiu-se um longo processo de estudo da obra de Russell, bem como da história de como Rutherford assumiu o poder valendo-se de uma manobra jurídica conspiratória. Logo o Irmão André entrou em contato com o Irmão Todd Alexander, um dos associados com a revista O Arauto e o PBI (Instituto Bíblico Pastoral, fundado pelos diretores expulsos por Rutherford em 1918). O Irmão Todd respondeu amistosamente a algumas perguntas do Irmão André, o qual, por sua vez, entrou em contato com o representante dos Estudantes da Bíblia no Brasil, naquela época. O Irmão André estava tão animado com a Mensagem da Colheita que ele traduziu o artigo O que há em seu jardim — Flores ou espinhos? e o publicou num blog sobre os Estudantes da Bíblia, enviando-o também para o representante dos Estudantes da Bíblia naquela época. Esse representante gostou do artigo e logo pediu ao Irmão André para traduzir outros. Com o tempo, o Irmão André foi ficando cada vez mais indignado com a idolatria organizacional em Betel, e, por várias vezes cogitou sair de lá. Assistir aos estudos de A Sentinela, já era insuportável para ele, bem como às reuniões anuais, onde a Torre de Vigia e suas consecuções eram flagrantemente o foco de louvor do grupo. Outra coisa que o deixava muito triste era que o nome de Jesus recebia pouca ou nenhuma atenção, em comparação com o nome do “Escravo Fiel” e o da “Organização”. Orando a Jeová, ele pedia por uma solução. Por fim, em 2013, em virtude de corte de custos em Betel, o casal Couceiro foi convidado para sair de “pioneiros” (ministros religiosos que apoiam alguma região mais necessitada). Eles recusaram a oferta e resolveram voltar para casa. Ainda não estavam totalmente livres das garras da Torre, mas participavam cada vez mais da obra dos Estudantes da Bíblia, por meio de reuniões por Skype e traduções de artigos e livros de A Aurora.
Irmão André em seu trabalho de
intérprete e tradutor em Betel
Então, no início de 2015, a Irmã Marge, o Irmão Todd e a Irmã Marylin viajaram para o Brasil, para realizarem convenções em Recife e no Rio de Janeiro. Foi quando o Irmão André os encontrou pela primeira vez. A “convenção” do Rio foi realizada numa região muito precária de Madureira (subúrbio do Rio de Janeiro); não havia internet pela metade do dia, o local era escuro e não estava preparado para a convenção. O responsável pela obra havia dito que muitos viriam, mas apenas um punhado compareceu. Logo depois disso veio ao conhecimento de todos que esse representante estava se envolvendo com outros grupos religiosos que não defendiam as verdades básicas, além de estar envolvido com atividades questionáveis de outra natureza. Isso, um ano depois, o levou a um julgamento de eclésia, com a participação dos irmãos Todd, Marge e Marylin, e o Irmão André foi o intérprete. Aquele indivíduo que estava à frente da obra foi expulso dos Estudantes da Bíblia, em virtude de suas ações erradas e sem arrependimento. A partir de então, o Irmão André passou a representar oficialmente o grupo no país. Sendo tradutor experiente, bem como intérprete, tem tido o privilégio, desde então, de traduzir artigos, livros e revistas, bem como o de servir de intérprete nas convenções dos Estudantes da Bíblia neste país. Em 21 de outubro de 2015 o Irmão André Couceiro e sua esposa escreveram uma carta de dissociação das Testemunhas de Jeová e já serviu duas vezes como ancião eleito por voto numa eclésia (congregação) do Rio de Janeiro. O Irmão André também é membro oficial do PBI e da Aurora, duas das maiores casas publicadoras dos Estudantes da Bíblia, bem como representante dos Estudantes da Bíblia Livres. Ele possui um canal no YouTube onde reuniões públicas ao vivo são realizadas todos os domingos. O canal também exibe centenas de vídeos com assuntos históricos, entrevistas e críticas respeitosas às Testemunhas de Jeová, entre outros assuntos de interesse. Esses esforços têm sido abençoados por Deus, de modo que hoje há irmãos com seus próprios ministérios em outras partes do país. Os Estudantes da Bíblia também se reúnem em reuniões privadas para estudar a Bíblia e diversas publicações dos Estudantes da Bíblia. O ministério “Os Estudantes da Bíblia” não se propõe a ser uma espécie de “sede” dos Estudantes da Bíblia no Brasil, mas apenas uma obra ministerial de apoio com publicações, estudos bíblicos e comunhão cristã.
Sem dúvida, Atos 1:8 está sendo cumprido, quando diz: “Vocês serão minhas testemunhas … até os confins da terra”. E isso inclui o Brasil e qualquer outro país onde os verdadeiros santos possam ser encontrados!
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Primeiro encontro do Ir. André
com os Estudantes da Bíblia
Para mais detalhes sobre a obra no Brasil, recomendamos que assista ao vídeo:
Pq o vácuo entre 1920-80?
Sempre houve grupos e/ou indivíduos Estudantes da Bíblia nesse período. Por exemplo, o grupo Epifânia (do Movimento Missionário da Casa dos Leigos) continuou desde a década de 1920. Visto que os Estudantes da Bíblia são um “Movimento”, não uma religião hierárquica com uma sede central, não temos rol de membros nem registro de todas as atividades. Cada eclésia (congregação) é sobrerana, mas colabora com outras eclésias de maneira voluntária. Assim, o artigo baseia-se nos registros conhecidos e que foram publicados em diversas fontes que conseguimos ter acesso até então, ou que nos foram transmitidos por história oral de testemunhas oculares: https://youtu.be/J9GSA2TZJfI