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“O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.” — Romanos 8:16, KJA
Em um julgamento no tribunal, a verdade é estabelecida por meio do depoimento de testemunhas. Cada uma é examinada cuidadosamente para que as verdades particulares de seu testemunho sejam demonstradas. Sem essas testemunhas, nenhuma condenação pode ser alcançada. Consequentemente, o valor do testemunho é evidente.
A Igreja de Cristo é chamada a uma esperança celestial. Em preparação para esse destino, cada um dos chamados é gerado pelo Espírito Santo e recebe a filiação. Para fortalecer a fé de cada um e a sua convicção de pertencer à família de Deus, é dado um testemunho dessa realidade, conforme indica o nosso texto temático.
Essa é uma promessa poderosa. O mesmo Espírito Santo que gera é o que dá o testemunho da filiação de cada membro
do Corpo de Cristo. O versículo anterior faz uma referência a isso: “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de filiação, pelo qual clamamos: ‘Aba, Pai’!” (Romanos 8:15, Diaglott) A tradução “filiação” aqui é mais poderosa do que a usada pela maioria das Bíblias, a saber, “adoção”. A palavra grega significa literalmente “definir como filho”, seja para “adotar” ou “instalar um filho maduro em uma posição de responsabilidade na família”.1 Nesse texto, trata-se dessa última.
(1) Uioyesian é uma palavra composta dos termos huios, “filho” e thesias, de tithimi, traduzido frequentemente como “colocar”, “estabelecer”, “definir”. Em Gálatas 4:5, é dito que eles recebem “a adoção de filhos”, ou seja, aquela filiação que é concedida, e não o relacionamento que meramente resulta do nascimento”. (Dicionário Expositivo de Vine, página 32, em inglês, tópico “Adoção”.)
Mas o que devemos procurar? Quais são as formas desse testemunho?
Do ponto de vista de nosso Pai Celestial, deve ser algo que possamos discernir. Nosso Deus é muito amoroso e bom para tornar seu chamado obscuro, incompreensível. Também é importante nossa própria paz de espírito sobre o assunto. Nunca teríamos paz se estivéssemos em constante incerteza e confusão a respeito de nosso relacionamento com Deus. Sobre esse ponto, Paulo nos diz:
“Porquanto Deus não é Deus de desordem, mas sim de paz.” (1 Coríntios 14:33, KJA) “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e mentes em Cristo Jesus.” (Filipenses 4:7) Portanto, podemos estar confiantes de que nosso Pai nos dará um testemunho abundante e claro de nossa filiação.
No entanto, muito do que vemos depende de nosso amor a Deus e nosso caráter. É comum na cristandade equiparar o chamado de Deus a alguns sentimentos eufóricos e alegres ou a outras emoções extáticas.
Mas será que essa expectativa é bíblica? Embora os sentimentos desempenhem um papel em nossas experiências na consagração, eles nunca devem ditar qual é a vontade de Deus, pela simples razão de que os sentimentos são mutáveis e geralmente não confiáveis. Se não por sentimentos, como alguém reconhece o testemunho do Espírito?
Primeiro Deus deve nos atrair
Comecemos considerando nosso sentimento por Deus. Jesus disse: “Ninguém pode vir a mim a menos que o Pai, o qual me enviou, o atrair; e Eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6:44)
Esse é um princípio que podemos usar para examinar nossa vida. O Pai nos atraiu? Temos experiências que manifestam Cristo e seu ensino para nós? Todos os que consagraram suas vidas ao serviço de Deus passaram por essa experiência. É um começo necessário para nossa caminhada com Deus. É impossível para alguém vir a Cristo com fé sem receber isso do Pai. Essa atração inicial é um bom ponto de partida ao avaliarmos o testemunho do Espírito em nossa vida.
Essa atração inicial pode ser sutil por um longo período de tempo ou pode ser algo distinto e marcante. Muitos de nós fomos criados em um lar consagrado. A verdade faz parte de nossa vida desde nossas primeiras lembranças. Ainda assim, houve um tempo em que a importância do amor de Deus e do sacrifício de Jesus impressionou nosso coração e nos motivou a entregar nossa vida ao Pai. Já outros vieram do mundo. Nesse caso, geralmente há uma experiência mais expressiva, muitas vezes crucial, que direcionou nossa atenção para a Verdade.
Independentemente de como nosso Pai arranje o assunto, podemos olhar para trás e ver esse poder de atração. Não é uma questão de interpretação emocional, mas sim um indicador claro do amor de Deus e um testemunho inicial do Espírito. Pela fé, aceitamos essa indicação de uma atração à filiação com o Pai. Claro, essa atração é acompanhada de emoções. Mas essas emoções são um subproduto de uma experiência de vida real e a convicção que resulta dessa experiência nos leva à consagração.
Podemos descansar, totalmente seguros de Sua fidelidade em cumprir o que prometeu. A decisão de consagrar é mais uma questão de fé do que de emoção, que não só traz grande alegria para nós, mas também para nosso Pai Celestial.
Quando chega a hora de demonstrarmos aos outros nossa consagração, nossa fé em Deus e amor por Ele, com o símbolo do batismo, nos sentiremos à vontade para responder “sim” às seguintes três perguntas:
(1) Reconhece que está condenado em Adão? (1 Coríntios 15:22)
(2) Aceita Jesus como o resgate por seu estado decaído e a propiciação por seus pecados e os pecados do mundo inteiro? (1 Timóteo 2:6)
(3) Entregou seu coração de maneira plena e sem reservas à consagração a Deus? (Romanos 12:1)
Naturalmente, quando começamos a servir a Deus, nosso desempenho não é perfeito, nem poderia ser — temos sucessos e fracassos. Talvez nossas falhas nos façam perguntar se realmente estamos servindo a Deus. Como Ele poderia aceitar um serviço tão imperfeito? Isso pode levar alguns a duvidar de sua filiação.
Deus entende que somos pó. (Salmo 103:14) Ele sabe que nosso serviço a Ele será manchado pelas falhas de nossa imperfeição. Mas devemos nos lembrar que isso ocorre com todo servo de Deus. Além disso, Deus nos permitirá experimentar provações difíceis.
Mas essas provações são, de fato, mais um testemunho de nossa filiação! Temos o testemunho de Jesus e Paulo: “Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, Ele retira; e todo que dá fruto, Ele limpa, para que dê mais fruto ainda.” (João 15:2, KJA) “Pois o Senhor disciplina a quem ama, e educa todo aquele a quem recebe como filho. Suportai as dificuldades, aceitando-as como disciplina; Deus vos trata como filhos. Ora, qual o filho que não passa pela correção do seu pai? Mas, se estais sem orientação, da qual todos se têm tornado participantes, então não sois filhos legítimos, mas bastardos.” (Hebreus 12:6-8, KJA)
A provação, com sua poda e correção, é um indicador definitivo de filiação. Deus está interessado no resultado dessa provação, mas igualmente em nossa atitude em relação a ela. Ele observa para ver como a provação — independentemente do resultado — afeta nosso desejo de ser filhos mais fiéis e mais devotados ao seu serviço.
A comunicação pessoal com Jeová
Outra área que podemos olhar para o testemunho do Espírito de Deus é a oração. Os filhos de Deus têm o privilégio de se comunicar com seu Pai. Deus se agrada em ouvir as petições de Seus filhos. Como filhos de Deus, devemos ter uma rica vida de oração. Nossas orações devem ser de agradecimento e louvor, de pedidos de orientação nos assuntos da vida e de petições em favor de nossos irmãos.
Deus manifesta Seu amor e cuidado por meio de suas respostas às nossas orações. Esse é um maravilhoso testemunho de nossa filiação. Quando pedimos ao amoroso Pai algo que é bom e certo e que nos foi dito que Ele suprirá, então, quando a resposta vier, fortalecerá nossa fé. A condição é que devemos pedir “segundo a sua vontade”. (1 João 5:14) Se não pedirmos de acordo com Sua vontade, podemos não obter uma resposta. Mas devemos pedir com fé (Tiago 1:6) e acreditar que Ele responderá. (Marcos 11:24)
Devemos também compreender que as respostas de Deus à oração são feitas sob medida para o desenvolvimento de nossa Nova criatura. Deus responderá às nossas orações de uma das três maneiras: não, agora não ou sim. Cada uma delas pode ser considerada uma manifestação de nossa filiação porque cada uma será muito específica para nossas necessidades espirituais.
Considere a resposta, “Não”. O apóstolo Paulo orou a Deus para aliviar “um espinho na carne”. (2 Coríntios 12:7) Não sabemos ao certo o que era, mas muitos comentaristas pensam que tinha a ver com sua visão deficiente — talvez o resultado de ter sido cegado por Jesus no início de sua caminhada cristã. O que quer que tenha sido, ele pediu que fosse aliviado em três ocasiões diferentes. Mas a cada vez a resposta era: “Não”. Sobre isso, ele escreve:
“E, para impedir que eu me tornasse arrogante por causa da grandeza dessas revelações, foi-me colocado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás para me atormentar. Por três vezes, roguei ao Senhor que o removesse de mim. Entretanto, Ele me declarou: “A minha graça te é suficiente, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Sendo assim, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que o
poder de Cristo repouse sobre mim. Por esse motivo, por amor de Cristo, posso ser feliz nas fraquezas, nas ofensas, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Porquanto, quando estou enfraquecido é que sou forte!” (2 Coríntios 12:7-10, KJB)
Para o bem-estar espiritual de Paulo, esse “espinho” deveria permanecer. Assim, a graça de Deus pôde mostrar seu poder, pois mesmo com essa deficiência, Paulo pôde ser aperfeiçoado e realizar tudo o que Deus desejava. Paulo aprendeu bem a lição. Mas observe como até mesmo uma resposta “não” à oração é uma manifestação poderosa de filiação. Mostra que Deus tem nossos interesses eternos em mente e providenciará experiências, mesmo as terríveis, para desenvolver em nós o caráter de Cristo.
A segunda resposta à oração, “Agora não” ou “Espere”, é uma resposta da mesma forma! Os discípulos se reuniram em Jerusalém após a ascensão de Jesus para “esperar” o que havia sido prometido. (Atos 1:4) Esperar é uma maneira maravilhosa de desenvolver fé. Cremos que Deus cumprirá o que prometeu, no Seu devido tempo. Esperamos pelo pleno estabelecimento do Reino. Esperamos pelas respostas às orações. Esperamos pelo livramento das provações. Em todos os casos, sabemos que a resposta virá porque nosso Pai a prometeu. Durante esse tempo, as experiências acontecem para nos preparar para a resposta. Quão maravilhoso e incrível é quando a resposta finalmente chega!
A terceira resposta à oração é: “Sim”. Quando Deus diz “sim” e vemos a resposta imediata a uma petição, ficamos emocionados! Esse tipo de resposta não é incomum em nossa caminhada com Jesus. E como alicerça a fé! Essa resposta “sim” costuma ser expressa em circunstâncias especiais que deixam muito claro que é de nosso amoroso Pai. O Espírito dá testemunho de nossa filiação de outra maneira impressionante.
À medida que caminhamos nas pegadas de Cristo, crescemos em conhecimento. Esse crescimento no conhecimento é outro testemunho do Espírito. Sobre isso, o apóstolo Paulo tece o seguinte comentário: “Ora, quem precisa alimentar-se de leite ainda é criança, e não tem experiência no ensino da justiça. No entanto, o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante da fé, tornaram-se capazes de discernir tanto o bem quanto o mal.” (Hebreus 5:13,14, KJA)
Se você progrediu no conhecimento da Verdade, então essa progressão é uma manifestação de sua filiação. O alimento sólido não é compreendido por aqueles que não são chamados por Deus. Mas para Seus filhos é uma consequência natural de seu amor pela verdade e interesse pela palavra de Deus. Conforme você cresce em conhecimento, verá verdades e conexões mais profundas entre os muitos elementos da palavra de Deus. E isso é algo muito especial! É o Espírito Santo operando em sua mente e coração para apreciar os aspectos mais profundos da vontade do Pai.
A providência divina
A última área que consideraremos é o cuidado providencial em nossa vida. Para isso, leiamos um texto familiar: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Romanos 8:28, KJA)
No universo do acaso, há uma probabilidade de certas coisas acontecerem e uma improbabilidade de outras acontecerem. Quando temos experiências do tipo mais improvável, experiências que são oportunas e necessárias de uma forma que não esperávamos, então é uma evidência da mão do Pai conduzindo nossos assuntos e os de nossos irmãos.
Todo o povo do Senhor que tem andado no caminho estreito por algum tempo, tem visto essas manifestações do Espírito de Deus. Frequentemente, o momento da experiência é o fator improvável — algo acontece exatamente quando é necessário. Ou talvez tenhamos um encontro inesperado que nos permite ser uma bênção ou receber uma bênção.
Isso é Deus fazendo com que todas as coisas contribuam juntamente para o nosso bem. É uma bênção especial para “os que amam a Deus” e “são chamados de acordo com o seu propósito”. É mais um testemunho do Espírito de nossa filiação.
Começamos este artigo fazendo referência a um julgamento em um tribunal. Voltemos a esse julgamento. Quando todas as evidências são reunidas, podemos chegar a uma conclusão com base nos fatos do caso. Quando alguém que foi gerado pelo Espírito olha para as evidências em sua vida, será compelido a concluir que Deus está lidando com ele como filho.
Esta é uma análise objetiva em que a emoção, embora presente, não é um fator determinante. Se tivermos qualquer um desses testemunhos em qualquer grau, podemos nos regozijar com a bênção de nossa filiação. E, com o tempo, essa convicção íntima de que somos, de fato, filhos de Deus e gerados pelo Espírito Santo, faz com que nos identifiquemos com as promessas que nos foram feitas. Quando lemos passagens bíblicas sobre a esperança celestial e os cristãos glorificados, sentimos no coração que essas coisas são para nós. Quando, por exemplo, lemos sobre os 144 mil ou sobre a Noiva, não pensamos em “eles”, mas em “nós”, incluindo-nos no grupo. Essa certeza, essa doce convicção, faz parte do testemunho do Espírito de que somos filhos de Deus. E como filhos, podemos aguardar a transformação que Deus tem em reserva para nós, para que sejamos uma imagem bela e perfeita de Seu próprio caráter e essência divinos.
“Mas todos nós, que com a face descoberta contemplamos, como por meio de um material espelhado, a glória do Senhor, conforme a sua imagem estamos sendo transformados com glória crescente, na mesma imagem que vem do Senhor, que é o Espírito.” (2 Coríntios 3:18, KJA)
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