A consagração do cristão e seu paralelo com o Tabernáculo

“Rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.” — Romanos 12:1

A CONSAGRAÇÃO, também conhecida como santificação, significa colocar-se à parte para Deus. Este processo está intimamente ligado à justificação. Embora haja uma justificação parcial ao se afastar do pecado, a justificação completa para a vida só ocorre após uma consagração total. Desde o momento em que alguém se volta para Deus, afastando-se do pecado e buscando fazer a Sua vontade, inicia-se um grau de consagração. Cada passo em direção a Deus é um passo rumo à santificação e justificação.


Etapas Progressivas de Justificação e Santificação no Tabernáculo

O processo de consagração é prefigurado no Tabernáculo do Antigo Testamento.

  • Aproximação e Reconhecimento (O Pátio):
  • Assim como um levita ou sacerdote se aproximava do Tabernáculo, vendo o muro branco do Pátio, a pessoa que busca a Deus começa sua jornada.
  • Ao chegar ao portão, reconhece que o Pátio é sagrado e a entrada requer o reconhecimento do sacrifício no altar de bronze.
  • Da mesma forma, a primeira lição para quem busca a Deus é reconhecer sua condição de pecador e que a aproximação só é possível através do Sacrifício de Cristo.
  • Purificação (A Bacia de Cobre):
  • Após reconhecer o Sacrifício, o próximo passo leva à bacia de cobre, representando a lavagem da imundície da carne, buscando a pureza na vida e se libertando do pecado.
  • Este passo leva a uma consagração mais profunda e uma justificação mais completa, sendo aceitável a Deus.
  • Entrega Total (A Porta do Tabernáculo):
  • Para se aproximar ainda mais de Deus, chega-se à porta do Tabernáculo. A entrada exige a morte da vontade humana, a entrega total dos direitos e interesses terrenos.
  • Reconhece-se que essa morte deve ser sacrificial e aceita pelo Sumo Sacerdote (Cristo), que compensa as imperfeições com Seu mérito para que o Pai aceite a plena consagração.
  • A consagração precede a justificação para a vida. É preciso oferecer-se em sacrifício para ser aceito por Jesus e apresentado ao Pai, tornando-se membro do Corpo de Cristo para sofrimento e morte terrena, e para vida e glória espiritual.
  • Geração pelo Espírito Santo (O Lugar Santo):
  • Quando a consagração é aceita por Deus, a pessoa é selada ou gerada com o Espírito Santo.
  • Este engendramento é indicado pela apreciação das coisas profundas de Deus (representadas pelo altar do incenso e a mesa dos pães da proposição), por experiências de crescimento e por oportunidades de servir.
    É crucial persistir na consagração após a aceitação de Deus, permanecendo em Cristo para participar do Sacerdócio Real e ser coerdeiro com Ele. Sofrer com Cristo no presente levará a reinar com Ele em glória.
    A Posição da Maioria dos Cristãos
    Muitos cristãos hoje deram passos na consagração, reconhecendo o Redentor e buscando uma vida moral. No entanto, a grande maioria parece não ter ido além da “bacia”, não compreendendo a importância da consagração total para a morte como condição para seguir Jesus. Aqueles que aceitam essa mensagem e buscam a plena consagração são frequentemente vistos como “peculiares”, sem que a maioria perceba que essa peculiaridade é o que Deus requer para serem coerdeiros com Cristo.
    A Grande Multidão
    As Escrituras mencionam uma “Grande Multidão” que sairá da tribulação (Apocalipse 7:14). Estes passaram pelos estágios de consagração e foram gerados pelo Espírito, tornando-se Novas Criaturas. Contudo, por falta de zelo e firmeza, muitas vezes influenciados por ambientes desfavoráveis, falham em manter um sacrifício completo das coisas terrenas. Tentam servir a Deus e ao mundo simultaneamente, não progredindo no despojamento das obras da carne e no revestimento dos frutos do Espírito. Embora possam ter tido instrutores inadequados, acredita-se que Deus os guiará através do sofrimento. Essa classe demonstra lealdade, mas não o zelo necessário para o Sacerdócio Real. O teste para eles pode ser a disposição de sofrer até a morte em vez de negar a Deus.

    Oposição e a Mensagem da Verdade

    É provável que muitos consagrados ainda estejam em “Babilônia” (sistemas religiosos confusos). A Mensagem da Verdade está sendo divulgada para que possam ouvir e sair, mesmo que tarde para o “grande prêmio”. A queda de Babilônia libertará uma “grande multidão” (Apocalipse 19). Atualmente, muitos nas igrejas nominais estão despertando para a Verdade. Mesmo quando a Verdade é proclamada com oposição ou inveja, a Mensagem do Evangelho é pregada (Filipenses 1:15-18), despertando alguns dessa classe. Devemos nos regozijar por sermos considerados dignos de sofrer com Cristo.
    Lições Simbólicas do Tabernáculo
    O Tabernáculo, com sua mobília, sacerdócio e sacrifícios, representa o caminho da consagração do cristão ao seguir os passos de Cristo (1 Pedro 2:21) e como a humanidade pode ser reconciliada com Deus.
  • Acampamento de Israel (1): Simboliza o mundo da humanidade, separado de Deus pelo pecado.
  • Cortina de Linho Branco (2): Representa o véu da incredulidade para os de fora e o muro da fé para os de dentro.
  • Tribo de Levi (3): Acampada perto do Tabernáculo, de onde vinham os sacerdotes. Representam cristãos novos ou imaturos.
  • Átrio (Pátio) (4): Onde ocorriam as atividades sacrificiais. A entrada pelo Portão (5) (Jesus, o único caminho – João 10:9) leva à condição inicial do crente. Os itens de cobre no Átrio simbolizam a justificação pela vida perfeita de Jesus.
  • Altar de Cobre (Bronze) (6): Representa o sacrifício de resgate de Jesus (Hebreus 13:10).
  • Bacia (7): Feita de cobre polido com água para os sacerdotes se lavarem, simboliza a purificação pela Palavra de Deus (Efésios 5:26).
  • O Santo (8): Primeiro recinto, acessível apenas aos sacerdotes. Representa a condição dos crentes que consagraram suas vidas ao sacrifício, sendo gerados pelo espírito e justificados (Romanos 12:1, Romanos 5:1-2). Os itens de ouro simbolizam a natureza divina prometida na ressurreição (2 Pedro 1:4). As paredes revestidas de ouro e o teto bordado com querubins podem representar a proteção divina.
  • Candelabro de Ouro (9): Única fonte de luz, alimentado por azeite puro, ilustra o Espírito Santo iluminando a mente dos consagrados (1 Coríntios 2:7-15).
  • Mesa dos Pães da Proposição (10): Com 12 pães, simboliza a Palavra de Deus (os 66 livros da Bíblia) que alimenta os cristãos (Mateus 4:4).
  • Altar do Incenso de Ouro (11): Representa o sacrifício aceitável de Jesus e Sua Igreja, um aroma suave a Deus (Filipenses 4:18). O incenso queimando representa a submissão aos sofrimentos (Efésios 5:1-2).
  • Primeiro Véu (Porta) (12): Passar por ele simboliza a morte da vontade humana para fazer a vontade de Deus, tornando-se uma nova criatura gerada pelo espírito (Romanos 6:3-6).
  • O Santíssimo (14): Separado pelo Segundo Véu (13), era onde Deus habitava. Representa o próprio céu.
  • Arca do Pacto (15): Única mobília, feita de madeira coberta de ouro, com a tampa de ouro maciço (propiciatório). Era de onde Deus falava com Moisés (Êxodo 25:22). O sumo sacerdote aspergia o sangue do sacrifício aqui uma vez por ano (Levítico 16:14), ilustrando a entrada de Cristo no céu para apresentar o mérito de Seu sacrifício (Hebreus 9:23-26). A entrada dupla do sacerdote com sangue ensina que os membros do corpo de Cristo devem seguir Seu exemplo de sacrifício fiel até a morte (Apocalipse 2:10) para segui-Lo na glória eterna (Hebreus 10:19-20).
    (Texto adaptado de “A Torre de Vigia de Sião”, 1º de março de 1914 e “Fim dos Tempos n.º 5 em português”)

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