Dez orações — Vigiai, pois, orando sempre (Parte 2)


“A oração eficaz e fervorosa de um homem justo vale muito.” — Tiago 5:16


— Aaron Kuehmichel

6) Que ele multiplique nossos dízimos e ofertas para sua glória

Essa oração possui dois componentes. O primeiro diz respeito ao que somos; o segundo, ao que temos. Nunca fomos os melhores em nada. No máximo, podemos afirmar que somos proficientes em algumas coisas. A verdade é que não somos grande coisa.

É preciso cuidado com essa admissão. Se alguém diz: “Não sou grande coisa”, devemos considerar a origem dessa afirmação. Talvez realmente compreenda seu lugar diante do Criador. Ou pode estar lidando com questões de autoestima, desânimo ou depressão.

Há algo que somos e que vale muito mais do que ser o melhor em qualquer coisa: somos filhos de Deus, chamados e escolhidos. Não sabemos por que, dentre todos na Terra, Deus nos chamou. Pode ser simplesmente porque não somos nada, para que ele faça algo de nós. Antes da criação, havia o nada — e Deus fez algo de valor imensurável, seu Filho, a partir do nada.

“Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as coisas que são poderosas; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as coisas que são desprezíveis, sim, as coisas que nada são, para aniquilar a nada as coisas que são; para que nenhuma carne se glorie em sua presença.” — 1 Coríntios 1:27-29

O segundo componente dessa oração é o que temos para oferecer. Logicamente, se não somos nada, não temos nada. Mas, porque nos tornamos algo, passamos a ter algo. Todos temos tempo, desejo, amor, devoção, posses e a própria vida para dar.

Quando reconhecemos o que e quem somos, construímos nossa estrutura de oração sobre o alicerce da verdade — não sobre engano, ilusão ou uma perspectiva inflada.

É um pedido simples: que Deus tome nossos poucos pães e peixes, nossa mente, coração e corpo (conscientes de suas imperfeições) e os use para uma obra maior. É uma oração para multiplicar exponencialmente o pouco oferecido ao serviço do Mestre, para sua honra.

7) Que nosso lar seja um lugar de paz, descanso e refúgio para todos que entrem nele

Quando Jesus enviou Seus discípulos, deu-lhes instruções:

“Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, investigai quem nela é digno, e ali vos hospedeis até prosseguirdes. E, quando entrardes em uma casa, saudai-a; e, se a casa for digna, deixai sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.” — Mateus 10:11-13

Aqui temos orientações para quando somos hóspedes. Temos autoridade para abençoar um lar com paz — mas não se pode dar o que não se possui. Essa oração opera nesse princípio, pedindo que nosso lar seja de paz, descanso e refúgio para todos que ali habitam.

Essa oração também reclama uma promessa divina:

E a obra da justiça será paz, e o efeito da justiça, quietude e segurança eternamente. E meu povo habitará em uma habitação pacífica e em moradias seguras; e em lugares quietos de descanso.” — Isaías 32:17-18

Ao encerrar 2 Coríntios, Paulo escreveu:

“Sede perfeitos, sede de bom conforto, sede de uma só mente, vivei em paz, e o Deus de amor e de paz será convosco.” — 2 Coríntios 13:11

O lar ideal deve ser um refúgio do mundo — onde amor, encorajamento e apoio são espontâneos, o respeito é a norma, e o humor e o riso trazem alegria. Um lugar onde o Espírito de Deus e o amor por sua Palavra e princípios habitam.

Todos devemos almejar esse ideal. A paz flui de dentro para fora. A paz de Deus e a confiança em suas promessas trazem serenidade, mesmo em meio ao caos. Essa oração busca um lugar onde a quietude conforte e apoie mentes atribuladas.

8) Que cada um de nossos filhos e sua posteridade o sirvam sem falhar, para sempre

Essa oração olha para o cumprimento do plano divino: um reino na Terra onde ‘todos me conhecerão, desde o menor até o maior’. (Jeremias 31:34) Ela se apoia na promessa de Salmos 103:17-18:

“A misericórdia do SENHOR [Jeová] é de eternidade à eternidade sobre aqueles que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos; para aqueles que guardam o seu pacto, e para aqueles que se lembram dos seus mandamentos para os cumprir.”

Como disse Maria ao visitar Isabel:

“Aquele que é poderoso me fez grandes coisas; e santo é o seu nome. E a sua misericórdia está sobre os que o temem de geração em geração.” — Lucas 1:49-50

Essa oração olha para o reino futuro, pedindo que Deus trabalhe em nossa posteridade para que sempre o sirvam em adoração e amor.

9) Que tanto nossa vida quanto nossa morte honrem nosso Pai Celestial e Cristo Jesus, seu Filho

Essa não é uma oração sobre martírio, mas um pedido humilde que, quando chegar nossa hora, que a vida que vivemos, as escolhas que fizemos e nossas experiências tenham forjado um caráter que honre a Deus e a Jesus.

“Portanto, irmãos, procurai diligentemente firmar o vosso chamado e eleição; porque, se fizerdes essas coisas, jamais caireis.” — 2 Pedro 1:10

Trata-se de alcançar um desenvolvimento espiritual fiel, custe o que custar. De tornar nosso chamado e eleição irrevogáveis!

10) Que deixemos um legado nobre e piedoso

Independente, porém conectada às nove anteriores, essa oração é seu fruto e resposta. É simples: quando Deus registrar nosso epitáfio, o que dirá?

Será como o de Noé? “Noé encontrou graça aos olhos do SENHOR [Jeová]. (Gênesis 6:8) Como o de Davi? “Achei a Davi… um homem segundo o meu próprio coração.” (Atos 13:22) Ou como João Batista? “Dentre os nascidos de mulheres, não apareceu um maior do que João, o Batista.” — Mateus 11:11

Se aplicarmos na vida as nove orações anteriores, a décima será automaticamente respondida. “Tudo o que o homem semear, isso também colherá… aquele que semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, porque na estação certa colheremos, se não desistirmos.” — Gálatas 6:7-9

Outras oportunidades de oração

Estas dez orações são a ponta do iceberg. Muitos temas podem ser acrescentados — alegria, paz, gratidão, contrição, cuidado diário, perdão, dor, vergonha, arrependimento, falhas, sabedoria e entendimento. Todos são assuntos bíblicos para oração. Avaliemos nossa caminhada: quais são nossos êxitos e deficiências? Articulemos e registremos essas reflexões. O simples exercício de pensar, formular e registrar será uma bênção.

Sobre o que devo orar?

Às vezes, nossa vida de oração é vigorosa; outras, fraca ou até ausente. Quando as orações parecem vazias, pode parecer que nem passam do teto.

Às vezes, podemos não saber pelo que orar. Quando nos sentimos incapazes de orar, talvez nos façamos três perguntas:

1. Pelo que sou grato?

2. Que áreas preciso melhorar espiritualmente?

3. Quem eu conheço que precisa de ajuda?

As respostas abrirão caminhos para a oração. Quanto mais refletirmos, mais teremos para orar — e mais profunda será nossa comunhão com o Pai e Jesus.

O propósito da oração é a conversa com Deus. É nosso elo vital, do qual extraímos esperança, coragem, paz e bênçãos. Muitas vezes, a oração muda nossa perspectiva sobre as circunstâncias. Ela é eficaz quando admitimos nossa fraqueza e necessidade de direção.

Que estas orações sugeridas sejam de ajuda para maior intimidade com nosso Pai celestial e o Senhor Jesus.

“Perseverai em oração, pois um mar calmo nunca fez um marinheiro experiente.” — Provérbio inglês.

“Oração é um diálogo com Deus sobre coisas que ele pode mudar. Preocupação é um monólogo conosco sobre coisas que não podemos.”

— Artigo da revista O Arauto de março/abril de 2025.