A amplitude da Salvação

“Deus… é o Salvador de todos os homens, especialmente dos que creem.” — 1 Timóteo 4:10

Os eventos dramáticos que a humanidade tem atualmente enfrentado estão fazendo com que muitos cristãos preguem sobre o tempo do fim mencionado por Daniel, o Profeta. (Daniel 12:4) Isso tem criado certa expectativa sobre a suposta vinda de um julgamento final sobre os não cristãos e a salvação para um pequeno grupo seleto de crentes. Esse popular conceito cristão sobre a salvação propõe que os incrédulos, a vasta maioria da humanidade, estará perdida para sempre. Mas esse conceito está bem longe da verdade sobre a provisão misericordiosa de Deus para a salvação, pois condena à perdição bilhões de pessoas que, pelo simples motivo de falta de oportunidade, nunca ouviram falar do nome de Jesus Cristo.

A interpretação estreita não é o que os profetas ensinaram

Essa interpretação estreita da salvação não se harmoniza com o ensinamento profético dos apóstolos e dos profetas do Antigo Testamento, que apontaram para o plano misericordioso de salvação de Deus: um plano que um dia traria todos os que já viveram de volta em harmonia com Ele. Os profetas apontaram para uma era de bênçãos, quando o Messias proporcionar a reconciliação de Adão e de toda a sua descendência de volta ao favor de Deus. (Gênesis 22:17, 18) Eles ensinaram que a atual era do Evangelho — o período de tempo entre o primeiro e o segundo advento de Cristo — seria o momento para ajuntar, do mundo, uma Igreja eleita cujos membros estarão associados ao Messias — serão seu sacerdócio real. (1 Pedro 2:5, 9) Esse pequeno rebanho eleito então cooperaria com ele na obra de ressurreição, restauração e regeneração assegurada para o resto do mundo da humanidade por meio do sacrifício resgatador de Jesus no Calvário. — Mateus 5:5; Apocalipse 22:17

Infelizmente, esse conceito misericordioso foi, de modo geral, perdido no ensino cristão atual. Ao contrário dessas expectativas proféticas dos apóstolos e profetas, o dogma cristão popular afirma que agora é o único momento para a salvação. Esse conceito equivocado coloca limites no plano misericordioso de Deus, que é trazer a maioria da humanidade de volta à harmonia com ele. Esta é a esperança da expiação — da aproximação entre Deus e o homem prometida em 1 Timóteo 2:4-6: Deus “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual se deu a si mesmo em resgate por todos, para servir de testemunho a seu tempo”. Deus não é o autor de um plano incapaz de salvar a grande maioria de sua criação. Não, a verdadeira incapacidade consiste em fazer uma interpretação estreita de sua vontade, a qual encontra-se claramente registrada na Bíblia Sagrada.

Preste bastante atenção às palavras do apóstolo Paulo em Romanos 5:12 — Pela desobediência de um só homem “o pecado entrou no mundo, e pelo pecado a morte [como resultado], assim também a morte passou a todos os homens, pois todos pecaram.” Note a esperança que Paulo aponta como a própria essência do Evangelho da salvação, dizendo: “Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos salvos da ira por meio dele.” (Romanos 5:8, 9) Aqui está uma declaração específica de que Adão e seus filhos estavam todos debaixo da ira divina e que o poder salvador era o sangue de Cristo — derramado em benefício de cada pecador. O apóstolo passa a mostrar a obra de Expiação e a restituição que se seguirá como resultado, dizendo: “Portanto, assim como pela ofensa de um [a desobediência de Adão] veio o julgamento sobre todos os homens para a condenação [a sentença de morte], assim também pela justiça de um veio o dom gratuito [o cancelamento da sentença] sobre todos os homens para a justificação da vida. Porque, assim como pela desobediência de um só homem [Adão] muitos foram feitos pecadores [todos os que estavam “em Adão”], assim também pela obediência de um [Jesus] muitos [todos os que, por fim, se aproveitarão dos privilégios e oportunidades do Novo Pacto] serão feitos justos.” — Romanos 5:12, 18, 19


O Dia de Salvação

Será que todos precisam aceitar Jesus agora para serem salvos? É verdade que esta Era Evangélica oferece a única oportunidade de fazer parte dos eleitos, do pequeno rebanho, pois esses devem ser dignos de vida eterna sob circunstâncias difíceis em um mundo oposto à justiça. Esses poucos fiéis têm a promessa de uma recompensa no céu para viver e reinar com Cristo. “Por isso, tudo suporto por amor dos eleitos, para que também eles alcancem a salvação que há em Cristo Jesus com glória eterna… se sofrermos, também reinaremos com ele…” (2 Timóteo 2:10-12) Esse é o dia de salvação falado em Isaías 49:8 e 9: “…no dia de salvação te ajudei; e te guardarei, e te darei por pacto do povo, para restaurares a terra, e lhe dares em herança as herdades assoladas; para dizeres aos presos: Saí…” Aqui Isaías nos informa que essa salvação especial agora dos eleitos tem um propósito especial — estabelecer o pacto de Deus, herdar aqueles cuja herança das promessas de Deus era nula, e, então, estender a misericórdia de Deus aos prisioneiros da morte que nunca tiveram uma oportunidade real de aprender sobre Cristo.

Deus prometeu através de Isaías, o Profeta, que o dia de salvação para os não eleitos será um tempo em que “os habitantes do mundo aprenderão justiça”. (Isaías 26:9) Novamente, como afirmado por nosso texto temático, pela abundante graça de Deus haverá uma salvação especial para um grupo eleito de fiéis agora, bem como uma salvação geral para todos os homens. Deus “é o salvador de todos os homens, especialmente dos que creem”. (1 Timóteo 4:10) Essa salvação especial tem estado em andamento por séculos, desde o primeiro advento de Cristo. Durante esse tempo, Jeová vem selecionando e salvando uma classe de pessoas mansas entre judeus e gentios que farão parte da classe celestial que instruirá e abençoará o restante da humanidade na Terra. “Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios para tomar dentre eles um povo para o seu Nome [os eleitos]… Depois disto voltarei [o segundo advento de Cristo], e reedificarei o tabernáculo de Davi [Israel será restaurado primeiro]… para que o resto dos homens [o resto da humanidade] busque ao Senhor…” — Atos 15:14-17

O restante ou resto dos homens são ressuscitados para um tempo de julgamento no Reino. “Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal [a humanidade ainda na escuridão], para a ressurreição do juízo [um período de 1.000 anos de julgamento].” (João 5:28, 29; 2 Pedro 3:8, 9) Essa será a primeira oportunidade real para a maioria do mundo crer e obedecer — sem o pecado herdado de Adão e a cegueira causada pela influência de Satanás. (Jeremias 31:29-34; Apocalipse 20:1-4) O mérito do sangue de Jesus terá então sido aplicado ao mundo inteiro de modo que todos serão ressuscitados dos túmulos e receberão uma oportunidade de aprender a justiça. “E ele é a propiciação [penitência] pelos nossos pecados [dos que são crentes agora], e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” — 1 João 2:2

“O Filho do homem veio… salvar o que se havia perdido.” — Lucas 19:10

As palavras reconciliação, refrigério e restauração implicam que algo deve ser recuperado ou salvo daquilo que outrora se havia perdido. Tudo o que Adão possuía foi perdido pela desobediência — tanto para ele quanto para sua descendência — um perfeito lar ajardinado, felicidade, comunhão com Deus, saúde e a própria vida.

Jesus veio para salvar e restaurar o que havia sido perdido — para restaurar a Terra e restaurar o homem ao seu estado original de perfeição humana e comunhão com Deus. Tudo isso está implícito na palavra salvar. Por essa razão, o apóstolo Pedro declarou à Igreja primitiva: ‘Os tempos de refrigério virão da presença do Senhor… A quem o céu deve receber até os tempos de restituição de todas as coisas, que Deus tem falado pela boca de todos os seus santos profetas desde que o mundo começou.’ — Atos 3:19-21

Sim, a restituição de todas as coisas que foram perdidas começa quando Jesus Cristo retorna para reunir os fiéis cristãos, os eleitos, e depois para estabelecer o Reino de Deus na Terra assim como está agora no Céu. (Mateus 6:10) Nessa ocasião, no devido tempo no Reino de Deus, os não cristãos receberão a oportunidade de ganhar a vida: “O homem Cristo Jesus… se deu a si mesmo em resgate por todos, para servir de testemunho a seu tempo.” (1 Timóteo 2:6) Esse tempo de aprendizado e crescimento na justiça mostrará então a espantosa misericórdia e justiça do plano de Jeová, pois ele “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”. (1 Timóteo 2:4) A respeito desse tempo, Jeremias diz: “E não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor [Jeová]; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor [Jeová]; pois lhes perdoarei a sua iniquidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados.” (Jeremias 31:34) No fim dos mil anos do Reino de Deus na Terra aqueles que deliberadamente escolherem não seguir a Cristo, naquelas circunstâncias mais favoráveis, serão destruídos. “E acontecerá que toda alma que não ouvir a esse profeta, será exterminada dentre o povo.” — Atos 3:23


“O que devo fazer para ser salvo?”

Paulo disse: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo.” Essa é a condição na qual a salvação nos é oferecida agora nesta Era Evangélica. Devemos ter em mente, no entanto, que a palavra “crer” não é apenas um simples reconhecimento intelectual de Jesus, pois “os demônios também creem”. O verdadeiro significado de crer também precisa incluir uma confiança de coração em seu sacrifício de expiação e a vontade de sacrificar todas as coisas deste mundo em prol de seu nome. De fato, apenas alguns hoje têm tido o privilégio de “não somente crer nele, mas também de sofrer por causa dele”. — Filipenses 1:29; Tiago 2:19, 20

Considere as próprias palavras de Jesus em resposta à pergunta do jovem nobre e rico: “Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?” Jesus respondeu: “Uma coisa te falta; vai vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz e segue-me. Mas ele [o jovem rico], pesaroso desta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitos bens.” (Marcos 10:17-22) Nosso Senhor esclareceu ao jovem rico que para ganhar a recompensa celestial era necessário que ele fizesse mais do que apenas uma declaração verbal de sua crença — ele também deveria provar seu amor supremo a Deus por meio de um pacto de sacrifício. (Salmo 50:5) Os que hoje aceitam a oferta de salvação de Deus recebem essa recompensa celestial especial como resultado de uma vida de fidelidade, conforme indicado em Apocalipse 2:10: “Seja fiel até à morte e lhe darei a coroa da vida.”

Privilégios especiais para os crentes agora

Mas que vantagem há em se buscar a salvação agora? O privilégio especial dos justificados [salvos] pela fé durante a atual Era Evangélica tem sido a oportunidade de se tornarem sacrificadores com Jesus Cristo, e desse modo, também se tornarem coerdeiros com ele de todas as coisas. (Romanos 8:16-18; Apocalipse 20:4) Assim que essa porta de oportunidade se fechar, não haverá mais a possibilidade de se ganhar uma coroa de vida na primeira ressurreição como seres espirituais — coerdeiros no Reino celestial. — Mateus 25:10

Há uma grande obra a ser feita pela Igreja glorificada com Cristo no Reino Milenar. Essa obra consistirá em instruir o mundo da humanidade para que possa andar na grande estrada de santidade até à expiação com seu Criador — de volta à plena harmonia com Ele que havia sido perdida no Éden. Essa é a gloriosa perspectiva que inspira o pequeno rebanho a serem fiéis apesar do sofrimento e da perseguição que recebem neste presente mundo mal.

A conclusão da Igreja de Cristo, seu corpo glorificado, trará para o resto da humanidade, “a criação que geme e suporta dores”, a libertação “do cativeiro da corrupção para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus”. (Veja Romanos 8:19-23.) Então todos apreciarão plenamente a sabedoria, a justiça, a amorosa misericórdia e o poder de Deus. Que plano magnífico de salvação! “Todo vale se encherá, e se abaixará todo monte e outeiro; o que é tortuoso se endireitará, e os caminhos escabrosos se aplanarão; e toda a carne verá a salvação de Deus.” — Lucas 3:5, 6

A Nova Criatura n.° 10

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