“Temei… aquele que pode fazer perecer na geena tanto a alma como o corpo.” (Tradução Brasileira)
JESUS CRISTO
A todos os ímpios [Ele] destruirá. – Sal. 145:20.
Os vários erros existentes entre os cristãos sobre a verdade revelada, que evidenciam nossa imperfeição, a força do preconceito, os resultados da instrução errônea, a preguiça mental e a falta de coragem moral são verdadeiramente lamentáveis. Só honramos nosso Pai celestial e o adoramos de modo aceitável se tivermos conceitos corretos sobre seu caráter, seu reino e seus propósitos. Ele deve ser adorado “em espírito e em verdade”. Não só em espírito, mas em verdade. Se acreditarmos que Deus recompensará ou punirá os homens de modo contrário à sua própria verdade, nós o desonramos, por mais que, assim como Pedro, tenhamos a intenção de mostrar-lhe o nosso sincero respeito. Assim como a verdade e a glória de Deus são inseparáveis, é bem enganoso imaginar que o glorificamos por meio de qualquer opinião que pretenda estar de acordo com a verdade. Isso todo cristão há de reconhecer. Todavia, em nossas pesquisas em busca da verdade, muitas vezes somos influenciados por nossos próprios preconceitos sobre o que é mais consistente com a perfeição e o governo divino, e nos baseamos em opiniões decorrentes de nosso próprio raciocínio falível e preconceituoso sobre o que Deus deve fazer em vez de nas próprias declarações dele sobre o que Ele fará.
Em nosso estudo dos pronunciamentos da verdade divina, a aderência a princípios corretos de interpretação é de importância essencial. Sem isso, nosso apelo à palavra de Deus pode servir apenas para insistirmos no erro. A obscuridade na qual o mais claro testemunho da verdade divina foi envolvido por princípios insustentáveis de interpretação mística só pode ser dissipada explicando a linguagem da Bíblia, assim como fazemos no caso de outros livros. Felizmente, um apego estrito a este princípio obviamente correto, associado a uma humilde dependência do prometido espírito da verdade, diminuirá a diversidade de opiniões e as contendas que existem atualmente entre os cristãos.
Este autor tem o devido apreço pela consideração respeitosa e pela sagrada comunhão de seus amados irmãos no Senhor. Todavia, como essa consideração e comunhão só são valiosas na medida em que forem consistentes com a verdade, ele teme um desvio de seus princípios sagrados, muito mais do que qualquer humilhação transitória que possa advir de ser associado com os opositores “excêntricos” das tradições, que anulam as doutrinas e os mandamentos do Santo, que são até mesmo acusados de ‘trazer aos ouvidos coisas estranhas’. – Atos 17:20.
A PUNIÇÃO FUTURA
“O homem, porém, morre e se desfaz; sim, rende o homem o espírito, e então onde está?” (ALA) Em vão, a razão humana exerceu suas capacidades para responder a esta questão de profundo e eletrizante interesse para a mente inteligente. A filosofia especulou e conjecturou, mas “o mundo não conheceu [Deus] por meio da sabedoria humana”, nem seus propósitos. As perguntas absorventes, “como pode o homem ser justo perante Deus?” – qual será meu destino futuro? foram propostas em vão pelo espírito agonizante que partiu às mentes mais sábias não iluminadas pela verdade celestial. Dessa verdade, a informação desejada surge em termos simples e decisivos. “O salário do pecado é MORTE, mas o dom de Deus é a VIDA ETERNA por meio de Cristo Jesus nosso Senhor.” “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor. Herança guardada nos céus para vocês,…”
A fonte da vida não foi aberta pelo amor divino para um mundo rebelde; suas torrentes de cura estão fluindo livres e amplas como o líquido que é essencial para a vitalidade física. “Eh, todos vocês que têm sede, venham para as águas.” Porém, infelizmente o mesmo espírito vil de rebelião que resistiu insolentemente aos justos apelos da lei da natureza, e ao preceito revelado do amor perfeito, mostrou mais clara e plenamente sua terrível depravação em se afastar daquele que fala do céu nos mais comoventes tons da compaixão e misericórdia divina. Nosso objetivo do momento é inquirir, com santa reverência, levando em consideração aquele “terrível castigo” que espera os que, por impenitência e falta de fé, “pisam no Filho de Deus”, e “profanam o sangue do pacto com o qual ele foi santificado”.
O testemunho do homem é que os ímpios serão punidos com a existência eterna em miséria. O testemunho de Deus é que eles serão punidos com a destruição eterna. – 2 Tes. 1:9.
Independentemente de a opinião comum de todos os homens serem imortais ser verdadeira ou falsa, deve-se certamente admitir que é ilógico inferir essa opinião, como alguns fazem, do simples fato de eles possuírem uma natureza racional e inteligente. Um ser criado é necessariamente dependente de seu Criador que é perfeitamente “capaz de salvar e destruir”. “Só Ele tem imortalidade”. 1 Tim. 6:16. O próprio Filho de Deus, que é o primogênito de toda criatura, sendo o que mais se aproxima do eterno EU SOU, declarou: “Eu vivo pelo Pai”.
Essa opinião também não é inferida com mais certeza do fato de a imortalidade ser um objeto de desejo universal. Poderíamos muito bem inferir a doutrina da salvação universal com base nas mesmas premissas. Será que o desejo de possuir um objeto é prova de que ele será realmente obtido? Não deve a punição pelo pecado necessariamente consistir na perda de algo que se deseja, e na permanência de algo que se teme?
Mas o que dizem as Escrituras? Em vão procuramos uma única declaração inspirada, de que o homem, em geral, seja imortal. Revela-se o contrário. “Pode o homem MORTAL ser justo diante de Deus?” Jó 4:17. Ele é aqui representado como mortal; sem qualquer distinção de corpo, alma ou espírito. É verdade que nas Escrituras usa-se o termo “corpo mortal”. Mas, deve-se notar que ele é usado unicamente em referência aos santos a quem a vida eterna é dada por Jesus Cristo por meio da fé em seu nome. Se a alma ou o espírito do homem em geral, ou o homem em geral, é, em um único trecho declarado como imortal, então devemos, de fato, concluir que, quando ele é chamado de mortal, está se falando apenas de seu corpo. Mas, certamente o fato de o corpo ser mortal não é prova de que a alma seja imortal. Sobre os santos se afirma que “o corpo, na verdade, está morto (isto é, deve morrer) por causa do pecado, mas o espírito é vida (por que? Por ser naturalmente imortal), por causa da justiça”, isto é, a “justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo.” Rom. 3:22. A vida do homem, sem referência a qualquer distinção entre corpo e espírito, baseava-se originalmente na obediência dele. “No dia em que dela comeres, certamente MORRERÁS”. Não houve realmente uma execução imediata da penalidade. Todos os que admitem que a morte do corpo, ou a punição de um estado futuro, era a intenção da penalidade, deverão admitir que a totalidade da penalidade não foi aplicada imediatamente. Mas se Deus, sendo consistente com sua palavra, poderia adiar a execução de qualquer parte da penalidade, Ele poderia, se quisesse, adiar a execução dotodo. Um homem condenado judicialmente a morrer é considerado como morto. Assim, o apóstolo disse aos seus concrentes: “o corpo está morto”, isto é, condenado a morrer.
A mente perspicaz, não influenciada pela tradição humana, deve perceber que nos pronunciamentos sagrados, a imortalidade é revelada, não como um algo que todos possuem, ou possuirão, e sim como algo a ser buscado e obtido pela fé e “perseverança em fazer o bem”. Rom. 2:7. Que profeta ou apóstolo “movido pelo Espírito Santo” disse alguma vez aos homens que eles têm almas imortais ou espíritos imortais?
RAZÕES PARA CONTESTAR A OPINIÃO DE QUE A PUNIÇÃO FUTURA CONSISTIRÁ NA VIDA ETERNA EM TORMENTO
1ª – Porque isto é uma violação da penalidade que Deus associou à transgressão de sua santa lei. Esta penalidade é clara e positivamente revelada, não como a eterna existência no tormento, e sim a MORTE. “No dia em que dele comeres (isto é, do fruto proibido), certamente MORRERÁS” ou “positivamente MORRERÁS”. – Gên. 2:17. “A alma que pecar, essa MORRERÁ.” – Eze. 18: 4. “O salário do pecado é a MORTE.” – Rom. 6:23. “O pecado, tendo sido consumado, produz a MORTE.” – Tia. 1:15. “Os que praticam tais coisas merecem a MORTE.” – Rom. 1:32. “Por que morrereis?” – Eze. 18:31. “Aquele que converter o pecador do erro do seu caminho, salvará uma alma da MORTE.” – Tia. 5:20. “Há um pecado que leva à MORTE.” – 1 João 5:16. “E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo.” – Rev. 20:15. “Este é a SEGUNDA MORTE”; vers. 14, que acaba com a existência para sempre, pois não há informação sobre qualquer ressurgimento depois disso.
A junção do termo espiritual ao termo morte, como pena da lei, está confundindo a penalidade com o crime. Morte espiritual é estar “morto em delitos e pecados”. Esta é a culpa do pecador e é distinta da penalidade. Dizer que o salário do pecado é a morte espiritual é dizer que o salário do pecado é o pecado. Quem já ouviu falar da penalidade de uma lei sendo expressa em linguagem figurativa?
2ª – Porque Deus disse claramente que “a todos os ímpios ele destruirá”. Sal. 145:20. Que eles “serão punidos, (não com aflição imortal, e sim) com destruição eterna”…, 2Tes. 1:9. Que eles estão “preparados para a DESTRUIÇÃO”, Rom. 9:22. Que o caminho deles “leva à destruição” (Mat. 7:13). Que eles são “lançados na destruição”; Sal. 73:17, e que o seu “FIM é a destruição”; Fil. 3:13. Pois “serão destruídospara sempre”. Sal. 92:7. Veja também 1 Cor. 3:17, Rev. 11:18, Pro. 1:27, etc.
3ª – Porque Jesus Cristo, a Testemunha fiel da Verdade, define claramente essa destruição como sendo, não meramente uma destruição da felicidade, e sim uma destruição da ALMA e do CORPO, no inferno (geena) Mat. 10:28. Os trechos citados declaram que os próprios maus (e não apenas algo pertencente a eles) serão destruídos.
QUAL É A PENALIDADE DA LEI?
Qual é a penalidade da lei? Não é a vida em tormento, e sim a morte. “O salário do pecado é a MORTE.” Rom. 6:23. “A alma que pecar, MORRERÁ”. Eze. 18:4. “O pecado quando está CONSUMADO, produz a MORTE.” Tia. 1:15. “Os que cometem tais coisas são dignos da ‘MORTE’.” Rom. 1:32. “Por que MORRERÁS?” Eze. 18:31. “Aquele que converter o pecador do erro do seu caminho, salvará a alma da MORTE.” Tia. 5:20. “Há um pecado que conduz à MORTE.” 1João 5:16. “E vi os mortos, pequenos e grandes, em pé diante de Deus: e os livros foram abertos; e outro livro foi aberto, que é o livro da vida: e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.” Re 20:12. E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.” Rev. 20:15 verso. “Esta é a SEGUNDA MORTE.” Rev. 20:14. Será que diríamos que todas essas expressões de morte são figurativas? Como assim figurativas? Do que a segunda morte é figurativa? A primeira morte é figurativa? Apelemos a Jesus Cristo para determinar se a segunda morte é figurativa, significando a existência eterna em tormento; ou se é literal, significando a destruição do ser, tanto a alma como o corpo. “Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma; antes, temei aquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno.” Mat. 10:28. Este não é um testemunho isolado. Paulo assegurou solenemente aos filipenses que o “FIM” dos ímpios é a “DESTRUIÇÃO”. Aqui está o duplo testemunho contra a opinião comum, que supõe que eles não terão fim. “E se Deus disposto a mostrar sua ira, e tornar conhecido seu poder, suportou com muito longo sofrimento os vasos de ira destinados à DESTRUIÇÃO?” Rom. 9:22. Quando todos os que praticam a iniqüidade florescerem, é para que sejam DESTRUÍDOS PARA SEMPRE. Sal. 92:7. Se alguém contaminar o templo de Deus, a ele Deus DESTRUIRÁ. 1Cor. 3:17. Entrei no santuário de Deus, compreendi então o seu fim, certamente os puseste em lugares escorregadios, e os lançaste à DESTRUIÇÃO.” Sal. 73:17,18. “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e largo é o caminho que conduz à DESTRUIÇÃO”…, Mat. 7:13 Outros trechos revelam a mesma verdade. Rev. 11:18; Sal. 145:20; Pro. 1:27, etc. De fato, as Escrituras definem claramente a “punição eterna”, para a qual os iníquos certamente irão, não como existência eterna em tormento, e sim como “a destruição eterna da presença do Senhor e da glória de seu poder”. 2Tes. 1:9. Quão enérgico é todo este testemunho!
Naqueles trechos que mostram, em contraste, as retribuições que afetam um estado futuro, há uma notável uniformidade em se colocar em oposição, não a feliz e a miserável vida ou existência eterna; e sim vida e morte…, “O salário do pecado é a morte, mas o dom de Deus é a vida eterna”…, “Aquele que tem o filho tem a vida; e quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.” “Se viverdes segundo a carne, morrereis; mas se, por meio do espírito, mortificardes as obras do corpo, vivereis.” “Estreito é o portão… que conduz à vida.” “Largo é o portão… que leva a destruição”. “Porque somos a Deus, um sabor suave de Cristo naqueles que são salvos, e naqueles que PERECEM, àquele que é o sabor da morte para a morte; e para o outro o sabor da vida para a vida.” “Quem semeia para a carne, da carne ceifará (o que? imortalidade?) corrupção; mas o que semeia para o espírito, do espírito ceifará a vida eterna.” “E em nada apavorado por teus adversários, que para eles é um sinal evidente de perdição, mas para ti de salvação e de Deus. “Há um legislador capaz de salvar e destruir.” Os ímpios são “vasos de ira preparados para a destruição”, os justos “vasos de misericórdia preparados para a glória”. “A pregação da cruz é para os que perecem insensatez; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus”.
Quão claramente estes trechos ensinam que os destinos finais dos homens não são vida eterna feliz e miserável, e sim vida e morte – vida e destruição – salvação e perecimento – vida eterna e corrupção – salvação e perdição, ou estar perdido – glória e destruição. Em Mat. 25:46, a vida eterna é oposta à punição eterna, mas o termo punição eterna não significa necessariamente existência eterna, nem é esta a definição bíblica de punição eterna. A declaração positiva é que isto consiste em “destruição eterna”. 2 Tes. 1:9, que é literalmente punição eterna. Não haverá qualquer restauração da vida e da felicidade.
Em João 5:29, a “ressurreição da vida” é contrastada com a “ressurreição da danação”, isto é, condenação. Em Rom. 2:6-10, ela é contrastada com “tribulação e angústia”. Mas como a segunda morte é precedida por condenação e tormento, e nenhum destes significa existência infinita, estes trechos, em seu significado mais óbvio, são perfeitamente conciliáveis com a ideia de destruição final.
É um argumento de peso contra a opinião popular sobre este assunto sério, que numerosos e variados termos usados na Bíblia para expressar punições futuras, são, em sua óbvia importância, opostos à vida em qualquer condição. Morte. Segunda morte. Destruição. Perdição. Perecer. Perdido. Chegar ao fim. Os trechos figurativos significam o mesmo. “Ele QUEIMARÁ a palha com fogo inextinguível”. Se o fogo, que o lavrador coloca na palha com o propósito de destruí-la completamente, for extinguido, a palha pode ser parcialmente salva. Se “não se extinguir”, continuará até que acabe pela destruição total da palha. “O seu verme não morre”. Se o verme morrer, “as carcaças” (veja Isaías 66:24) não são inteiramente devoradas; se o seu verme não morrer, serão totalmente destruídas. Que mente imparcial não percebe que nosso Senhor, usando essas semelhanças, projetou para impressionar as mentes de seus discípulos com a terrível verdade de que a destruição do ser – de “corpo e alma” será o quinhão certo de todos os que preferem gratificação carnal própria ao serviço e alegria do reino de Deus?
Re 14:11-19:3, 20:10. Nestes trechos, o termo “para sempre”, está ligado ao tormento dos ímpios, e se este termo nunca é usado para expressar duração limitada, estes trechos se opõem às numerosas e variadas declarações divinas da destruição total dos ímpios. Mas é isto um fato? Certamente não. Admite-se que, se o claro testemunho da Bíblia não contradiz o significado literal do termo “para sempre”, conforme aplicado ao tormento dos ímpios, devemos entendê-lo em seu significado literal, como fazemos quando aplicado à felicidade dos justos. Mas se os termos, “para sempre” e “para todo o sempre”, que são literalmente sinônimos, são freqüentemente usados para expressar duração limitada; e o testemunho geral das Escrituras a respeito da punição futura, claramente significa a destruição, é uma violação à regra justa da interpretação, entender os referidos trechos em seu significado literal. Ora, eu afirmo que estes dois fatos podem ser provados claramente. [1] Depois de encontrar o termo eterno ou para sempre, aplicado ao pacto da circuncisão, Gênesis 17:13, à possessão judaica da terra de Canaã, Gên. 17:8; a um registro escrito do profeta, Isa 30:8; à continuação da terra atual, Ecle. 1:4; e até mesmo aos três dias do sepultamento de Jonas no peixe, Jon. 2:6 – será que é espantoso encontra-lo aplicado à duração do sofrimento dos ímpios, que pode ser um longo período antes de sua destruição final?
A destruição deles será inconcebivelmente terrível; a duração precisa de seu sofrimento não é revelada. Sobre o fogo na terra da Idumeia, causado pelo julgamento de Deus contra seus inimigos no estado atual, está escrito: “Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para sempre a sua fumaça.” Isaías 34:10. Assim, o testemunho a respeito de Sodoma… “sofrer a punição do fogo eterno”, pode ser considerado como se referindo à destruição total daquelas cidades, por meio da qual elas foram “postas como exemplo” para o mundo, das terríveis conseqüências da desobediência. Mas se não, o termo eterno pode ser usado em um sentido limitado, como a palavra original está em muitos lugares. Neste sentido limitado, o termo “fogo eterno” deve ser entendido, na declaração de nosso Senhor, “é melhor para ti entrar na vida, coxo ou aleijado do que ter duas mãos ou dois pés, para ser lançado no fogo eterno”. Aqui, ser lançado no fogo eterno é colocado em oposição a entrar na vida. Mas se o pecador vai viver para sempre nesse fogo, ele entra na vida tanto quanto se tivesse entrado no paraíso. A vida eterna é o quinhão dele em ambos os casos, embora a qualidade dela seja muito diferente. “Aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele.” Se ele permanecer em completa destruição, não verá a vida eterna, do contrário verá. Diz-se que “nenhum assassino tem a vida eterna permanecendo nele”, mas se o assassino tem uma alma imortal que permanece nele, ele tem a vida eterna permanecendo nele, tanto quanto a pessoa mais santa da terra, apenas de um tipo diferente. Os termos bíblicos “fogo eterno”, “fogo inextinguível”, significam um fogo que destruirá totalmente. Nenhuma outra elaboração destes termos pode ser conciliada com o testemunho divino – com a penalidade da lei, que é a MORTE – com a definição da punição do pecador, que consiste em “destruição eterna”; ou com o ensino de nosso Senhor, de que esta destruição não é uma destruição da felicidade, e sim do corpo e da alma.
Alguns afirmam que quando o termo para sempre é aplicado às coisas do estado atual, ele deve ser entendido em sentido limitado, mas quando aplicado a coisas pertencentes ao estado futuro, deve ser entendido em seu significado literal. Vamos testar este argumento. Toda a força dele não repousa sobre o princípio de que as coisas no estado futuro são necessariamente infinitas? É verdadeiro este princípio? Certamente não. Não é mais verdade que tudo o que sucede ao estado atual não é necessariamente infindável, assim como é verdade que todas as coisas que vieram antes dele tiveram necessariamente algum princípio; com exceção de nosso Pai Celestial, é claro! Sabemos que outros seres vieram à existência antes do estado atual. Tampouco há algo na natureza das coisas que prove que os seres dependentes podem ter existência infindável depois. Tudo depende da vontade de Deus. Se o teor geral do testemunho das Escrituras sobre a punição futura é a favor da destruição do ser, este argumento e todos os demais caem diante dele.
Alguns supõem que com a destruição dos ímpios o que se quer dizer é a destruição dos pecados deles; outros supõem que se refere à destruição da felicidade deles. A destruição do pecado ou da felicidade do ser; são ideias inteiramente distintas; cada uma é suscetível de expressão inteligente definida por linguagem apropriada. Como poderia o nosso Senhor expressar a ideia de maneira mais definitiva do que em Mateus 10:28? “Temei aquele que é capaz de destruir a alma e o corpo no inferno.” Se este versículo, que é tão específico e definido, for considerado em conexão com 2 Tes. 1:9, Sal. 92:7, Sal. 73:17, etc., é possível que uma mente imparcial rejeite o significado defendido? A doutrina é ensinada em ambos os testamentos.
Outro argumento é oferecido à consideração dos que desejam a libertação da escravidão mental aos sistemas humanos: nas Escrituras da verdade, nenhum adjetivo qualificativo já foi alguma vez associado aos termos vida eterna e imortalidade, denotando diferentes tipos de vida eterna ou imortalidade.
Simples imortalidade – simples vida eterna, é invariavelmente representada como uma bênção. Se o conceito comum é a verdade, teria sido tão necessário para os escritores inspirados, como é para os pregadores modernos, fazer uma distinção entre uma imortalidade abençoada e uma amaldiçoada. Os efeitos do pecado e da graça não são a vida eterna miserável e a feliz; e sim a morte e a vida eterna. “O salário do pecado é a morte, mas o dom de Deus é a vida eterna, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor.”
Merece a consideração séria de cada pessoa que estremeça ao pensar em dar falso testemunho perante Deus, se a ocorrência do termo “para sempre”, etc., em conexão com o tormento real dos ímpios, em pouquíssimos trechos, pode justificar rejeitarmos o sentido óbvio de todas aquelas numerosas declarações divinas, que claramente ensinam em vários termos o propósito do Todo-Poderoso de que “a todos os ímpios ele destruirá” Sal. 145:20. Perguntamos: O que está mais de acordo com as regras corretas de interpretação, insistir no significado literal do termo para sempre, (freqüentemente usado para expressar uma duração limitada), e dar um sentido figurativo aos termos morte, segunda morte, destruição, perdição, perdido, chegar ao fim, etc.; ou admitir a óbvia importância destes termos, e do ensino de nosso Senhor, de que os ímpios serão destruídos em corpo e alma, e entender o termo para sempre, em alguns trechos (em algumas dos quais ele está relacionado com o dia e noite), num sentido limitado?
A junção do termo espiritual ao termo morte, como penalidade da lei, está confundindo a penalidade com o crime. A morte espiritual é estar “morto em transgressões e pecados”. Esta é a culpa do pecador e distingue-se da penalidade. Dizer que o salário do pecado é a morte espiritual é dizer que o salário do pecado é o pecado.
O significado apropriado do termo morte é cessação da vida, ou de estar consciente. Seu significado é o mesmo, seja aplicado ao corpo ou ao espírito. A morte é o oposto da vida. Assim como outras palavras, ela às vezes é usada em sentido figurativo ou metafórico. O espírito pode morrer ou deixar de existir, assim como o corpo. No braço do Infinito, que a tudo sustenta, todas as suas criaturas são dependentes, para a vida e todas as coisas.
Embora se deva exercer grande cuidado no raciocínio a respeito do que é e do que não é consistente com as perfeições d’Aquele que “encobre a face do seu trono e sobre ela estende a sua nuvem”, podemos com reverente admiração traçar a harmonia existente entre suas perfeições reveladas e seus propósitos revelados. Que seja agora considerado francamente se a destruição completa do pecador, posterior a esses graus de tormento requeridos pelo grau de sua culpa não é muito mais consistente com o caráter revelado de nosso Pai celestial, do que a doutrina da existência infindável em miséria. A suposição de que Deus manterá seus inimigos em uma existência miserável sem fim, simplesmente porque ele é capaz de fazê-lo, é uma reprovação de seu caráter que não será defendida. O poder de Deus é sempre regulado por sua benevolência e justiça. Argumenta-se que o pecado é um mal infinito e requer uma punição infinita. Para provar que este princípio não fornece argumentos contra a exposição clara apresentada nestas páginas para a declaração divina, “o salário (isto é, a paga) do pecado é a morte”; basta assinalar que é tão evidente que a destruição eterna de um ser finito, capaz de conhecimento eterno e de desfrute do Infinito é uma punição infinita; quanto é evidente que a rebelião contra o Infinito, por um ser não finito, é uma maldade infinita.
Deus não punirá mais do que a justiça exige. Tal é a compaixão e benevolência dele que Ele só faz isso por uma necessidade moral. A voz do amor infinito raciocina com o mais incorrigível “por que você deve morrer?” Será a justiça divina desonrada – discernirão as mentes piedosas qualquer conivência com a iniquidade – qualquer violação da lei – quando o Justo Juiz de todos, depois de ter aplicado diferentes graus de castigo corporal e mental aos maus de acordo com seus graus de culpa, destruir “corpo e alma para sempre”? Pelo fato de isto não ser tão terrível quanto a existência em tormento infindável, será que fornece um motivo inadequado para o arrependimento ou diminui as coibições adequadas do pecado? Deve um pai ser acusado de confrontar seu filho desobediente com o maior motivo, porque ele não o ameaça com o maior mal que ele, o pai, poderia infligir? Você acusaria os juízes de não reprimir apropriadamente o crime, pelo fato de eles não encaminharem todos os criminosos para serem terrivelmente torturados pelo resto da existência deles? Que mente imparcial não percebe um apelo suficiente para os medos dos homens pecadores e responsáveis, e um motivo adequado para todos os que agem de acordo com princípios racionais, na ameaça da perda de toda a glória da imortalidade, e dos tormentos contínuos que terminam na destruição total? Se a perda de todas as bênçãos da sabedoria, poder e amor do Infinito, que o pecador poderá contemplar e desfrutar eternamente, se ele se arrepender, juntamente com o sofrimento real do prolongado e indescritível tormento do corpo e da mente que vem antes da destruição total, são considerações inadequadas para preocupar uma mente inteligente e induzir ao arrependimento; será que a expectativa de um tormento infinito será adequada? É assim mesmo? Se for dito que, embora nunca seja assim, sem a influência do Espírito de Deus; é, porém, mais provável que seja assim com essa influência, porque é mais horrível; eu pergunto reverentemente: será mesmo provável que o Deus da verdade honre a verdade de uma mentira?
Prossigo abordando um princípio que implica a mim mesmo, se admito graus de punição; e o que é muito mais sério, implico Jesus Cristo na acusação de diminuir as restrições adequadas do pecado. O princípio é que a restrição adequada ao pecado é a ameaça do maior castigo possível. De modo que quando Jesus Cristo declarou que alguns deveriam “ser punidos com poucos golpes”, ele privou tais pessoas da restrição apropriada do pecado! Quando é que deixaremos de ser sábios além do que está escrito? A suposição de que o Todo-Poderoso restringe os pecados usando o máximo de seu poder é contrária à sua palavra e aos fatos. Será que Ele deve ser acusado de não restringir adequadamente a maldade, “porque a sentença contra uma obra maligna não é executada rapidamente”, em conseqüência de que “o coração dos filhos dos homens está totalmente determinado a fazer o mal” ou porque ele não converte todos os homens à santidade? ou porque ele não destrói imediatamente os incorrigíveis? Deus não é homem ao ponto de cair vítima de capricho, paixão ou poder. “Justiça e juízo são a base do teu trono.” Sal 89:14. Ao governar seu universo moral e determinar destinos, ele é regulado, não por seu poder, mas por sua justiça e benevolência. Todos os que admitem graus de punição futura, necessariamente acreditam que Deus punirá milhões de homens num grau menor do que Ele é capaz. Depois de todo o nosso raciocínio, é óbvio que o pecado não pode ser mais efetivamente restringido ou excluído dos domínios do Altíssimo, do que por meio da destruição final de seus inimigos incorrigíveis. Nossa crença apresenta a cena gloriosa de um universo perfeitamente santo e feliz, sem esse comprometimento da justiça, e sem essa expressão inadequada do desagrado de Deus para com o pecado que a doutrina da salvação universal manifestamente significa.
A doutrina bíblica e racional dos graus de punição é perfeitamente conciliável com a destruição final do ser, que será precedida por graus tão diferentes de sofrimento quanto a justiça divina determinar.
Foi perguntado, com mais esperteza do que razão, “É possível que Deus os ameace (os ímpios) com dar fim aos tormentos deles?” Nós não cremos nessa afirmação. O objeto da ameaça de Deus não é “dar fim aos tormentos deles” e sim ao seu ser e, consequentemente, a toda a esperança de vida e felicidade. O fim de seu tormento consciente está necessariamente envolvido na ameaça. Assim, a ameaça de certo período na cadeia por um crime implica uma libertação ao término desse prazo. Mas quem já considerou essa libertação como parte da ameaça?
Supõe-se à base de Mateus 25:41, que “a punição dos ímpios será a mesma dos anjos maus, e que se os demônios pudessem se convencer de que serão completamente destruídos, eles acreditariam e ficariam tranquilos, em vez de tremer.” Vamos ouvi-los sobre este assunto. “Deixe-nos sozinhos; que temos nós contigo, ó Jesus de Nazaré? Vieste nos destruir!” Mar. 1:24; Luc. 4:34. Se a expectativa de destruição os deixasse “à vontade”, por que eles gritaram: “Deixe-nos sozinhos”? Por que eles não disseram, bem-vindo, destruidor? Se o próprio testemunho deles deve ser admitido (e eles às vezes falam a verdade) deve-se reconhecer que eles esperam ser tanto adicionalmente atormentados como destruídos. Mat. 8:29; Mar. 1:24. Se este testemunho é inadmissível, o de uma testemunha inspirada não deve ser rejeitado: “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo…”, Heb. 2:14. É realmente fácil dizer que isto significa que as obras do Diabo serão destruídas, mas como se pode provar isso? É por uma única declaração de verdade que ele existirá para sempre? Não podem as obras dele serem destruídas, e ele também? Que ambos serão destruídos parece ser a revelação. Veja 1João 3:8, Heb. 2:14. Com que autoridade então, podemos negamos que um dos dois será destruído?
Somente o preconceito afirmará que estes conceitos têm alguma conexão com o erro da salvação universal ou pelo menos pendem em direção a essa ilusão. Se formos acusados de favorecer esse instrumento do arqui-adversário, pelo fato de negarmos que Deus castigará os homens até o máximo de seu poder, aplica-se o mesmo aos que creem no tormento infindável e que admite graus nele. Não é incomum que o homem errante passe de um extremo a outro. Que a pregação do conceito popular do tormento eterno levou muitos ao extremo oposto da salvação universal é admissível. Quer tenha sido assim, quer não, ou qualquer que seja a doutrina que em nossa opinião falível é mais adequada para restringir ou punir o pecado, a questão determinante é: o que Deus disse? Qual é a palha do trigo?
Se alguns estão dispostos a nos acusar, por cremos que a “ardente indignação”, que foi ameaçada por um Deus justo, “devorará os adversários”, que parem por um momento e reconsiderem seriamente, para que não sejam encontrados acusando Deus tolamente.
Com toda esta evidência diante de mim, que ninguém venha me falar de “espíritos imortais” e “almas imortais” fora do “livro da vida”. Quem quer que não for encontrado lá, será “lançado no lago de fogo”, que é a “SEGUNDA MORTE”. Estamos algum de nós especulando sobre este assunto terrível e retendo nossos corações de nosso Criador? Vamos agonizar para entrar na vida. A esmagadora convicção de que Deus, o céu e a imortalidade, com suas glórias inconcebíveis, estão perdidos – TODOS PERDIDOS PARA SEMPRE, por preferir voluntariamente o mundo a Deus, será o ingrediente mais amargo da última taça de agonia da alma que morreu!
Henry S. Grew
Traduzido originalmente por Mentes Bereanas.