Charles Taze Russell não é o fundador das “Testemunhas de Jeová”

Ao contrário do que tem sido divulgado pelas “Testemunhas de Jeová”, o Pastor Russell não é o fundador desse grupo religioso. Ele nunca esteve associado com as “Testemunhas de Jeová” nem jamais reivindicou esse nome. O Pastor Charles T. Russell morreu em 1916. As “Testemunhas de Jeová” vieram a existir posteriormente. Associar o Pastor Russell com as “Testemunhas de Jeová” por certo causa a impressão equivocada de que seus ensinamentos e crenças são iguais. Tal não é o caso.

O Pastor Russell fundou o que tem sido chamado de Associação dos Estudantes da Bíblia. Esse movimento teve seu início em Allegheny, Pensilvânia, onde cristãos sinceros formaram uma classe bíblica de estudos profundos da Bíblia, visando conter a então crescente onda de infidelidade. Em 1879, a Torre de Vigia de Sião foi formada, e depois passou a se chamar Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. Essa sociedade não era considerada a autoridade central para os Estudantes da Bíblia, pois todas as congregações cooperadoras dos Estudantes da Bíblia apegavam-se estritamente a uma forma congregacional de autogoverno. A Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados apenas servia para coordenar as atividades das diversas congregações. Após a morte do Pastor Russell, em 1916, o objetivo da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados mudou completamente. Os ensinamentos dos seis volumes de “Estudos das Escrituras” e outros escritos do Pastor Russell foram descartados. As congregações que se alinharam com a Sociedade por fim abriram mão da autonomia congregacional. A Sociedade tornou-se o governo e a autoridade central sobre todas as congregações dispostas a cederem sua soberania. As doutrinas básicas da Sociedade divergiram seriamente dos ensinamentos do Pastor Russell, e em pouco tempo o Juiz Rutherford declarou que aqueles associados com a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados eram as “Testemunhas de Jeová” sobre esta Terra. Foi nesse contexto que o nome surgiu – certamente não na época do Pastor Russell.

OS ESTUDANTES DA BÍBLIA HOJE

Após a morte do Pastor Russell, a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados começou a impor seu controle hierárquico sobre as congregações que anteriormente eram independentes. Muitos se recusaram a abrir mão de sua liberdade cristã e foi então que começou o processo de separação. Em 1917, esse êxodo da Sociedade já havia começado e aqueles que apreciaram a maravilhosa harmonia da Bíblia conforme ensinado pelo Pastor Russell são hoje conhecidos como Estudantes da Bíblia. Muitos até mesmo começaram o processo de separação antes disso, por volta de 1909, quando a Sociedade Torre de Vigia começou a demonstrar rigidez em algumas doutrinas não bíblicas, dando origem ao que hoje comumente chamamos de Estudantes da Bíblia Livres.

DOUTRINAS

As seguintes doutrinas são um exemplo de como os Estudantes da Bíblia ainda conservam os ensinamentos básicos do Pastor Russell, em contraste com as “Testemunhas de Jeová”, que não o fazem.

Um dos principais ensinamentos do Pastor Russell era que todas as pessoas seriam primeiro esclarecidas com um conhecimento da Verdade de Deus e depois entrariam num período de julgamento, antes de receberem a sentença sobre seu destino final. Para a maioria da humanidade isso se daria quando fossem ressuscitadas dos mortos na ocasião da ressurreição geral. Seu julgamento final seria baseado em sua conduta após terem sido esclarecidas e não em sua conduta enquanto estavam em ignorância. Esse ensinamento separou os Estudantes da Bíblia de todos os outros grupos religiosos. Agora também os separa das “Testemunhas de Jeová”.

O Pastor Russell passou a acreditar em um período futuro de julgamento, ou seja, uma suspensão condicional da pena, porque milhões morreram e continuam a morrer sem ouvir as Boas Novas. E nas mentes daqueles que ouvem há incerteza e confusão, visto que o atual “Igrejismo” – as igrejas em sua totalidade – está repleto de crenças e ensinamentos contraditórios. As “Testemunhas de Jeová” não creem em um período adicional de julgamento para as pessoas da presente geração que não concordam com seus ensinamentos. Isso significa que uma grande percentagem da população mundial morrerá eternamente no Armagedom. Nesse aspecto, seus conceitos são menos generosos do que a maioria das igrejas existentes. Além de não crerem numa futura esperança para os que hoje vivem e não concordam com seus ensinamentos, as “Testemunhas” também acham que não há esperança alguma para uma grande parte dos milhões que têm ido para a sepultura desde a criação do homem em diante. Por exemplo, os habitantes de Sodoma, Samaria, Gomorra, etc., – eles acreditam que essas pessoas morreram eternamente, sem nenhuma esperança de ressurreição, enquanto que o Pastor Russell apontou para certos textos, como Ezequiel 16:55, onde se declara que todos esses voltarão ao seu “primeiro estado”. E nosso Senhor, em Mateus 10:15, confirma esse pensamento, quando disse: “Haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade” (referindo-se aos judeus). Assim, nosso Senhor apontava para um dia de julgamento para aquelas pessoas que morreram havia séculos. E novamente, Atos 17:31 diz que Ele “tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo.”

As “Testemunhas de Jeová” afirmam que Adão jamais será ressuscitado, ao passo que as Escrituras claramente afirmam que Jesus Cristo provou a morte “por todos” os homens. (Heb. 2: 9; 1 Tim. 2:5, 6) O Pastor Russell chamou a atenção para esses e muitos outros textos, como 1 Cor. 15:22 – “Assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.” Também Oseias 13:14 – “Eu os redimirei do poder da sepultura; eu os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as suas pragas? Onde está, ó sepultura, a sua destruição?” (NVI)

O Pastor Russell ensinou, de acordo com as Escrituras, que agora é “o dia de salvação” para aqueles que se tornarão a Noiva de Cristo, o Pequeno Rebanho; e que outro dia –um dia de salvação está reservado para a humanidade em geral, na Era Milenar – “os tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio”. (Atos 3:21) Esse conceito rompeu com a noção corrente de salvação nos dias do Pastor. Naquela época quase todos os evangelistas ensinavam que havia um inferno literal de tormento para aqueles que não aceitavam a Cristo nesta vida. Eles criam que a ameaça do fogo do inferno era necessária para restringir o mal e, se necessário, trazer a salvação pelo medo. Muitos teólogos, desde então, têm ampliado seu conceito de salvação para além desta vida atual, mas as “Testemunhas de Jeová” apegam-se fortemente à posição de que aqueles que rejeitam sua mensagem estão rejeitando a salvação. Em contradição à Palavra de nosso Senhor, todas as “Testemunhas de Jeová” se tornam um missionário de vida ou morte, usando o medo da destruição eterna ou segunda morte, como seu apelo final.

O povo judeu figura em mais uma diferença entre o Pastor Russell e as “Testemunhas de Jeová”. Após terem aplicado a si mesmos a Escritura: “vós sois as minhas testemunhas, é a pronunciação de Jeová” (Isa. 43:12, TNM), as “Testemunhas de Jeová” afirmam que, a partir da morte de Jesus, o povo judeu não têm mais um papel especial no Plano Divino. O Pastor Russell, ao contrário, ensinou que os judeus e sua nação possuem um papel proeminente no Plano Divino para o homem, e, portanto, durante o ano de 1910, ele falou a grandes plateias judaicas, confortando-os de acordo com o texto de Isa. 40:2 – “Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua milícia é acabada, que a sua iniquidade está expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados.” Ele os encorajou, não a se juntarem às várias igrejas de hoje, mas a esperarem pelo cumprimento das muitas promessas do Antigo Testamento que dizem que eles seriam abençoados como nação. Naquela época eles ainda eram um povo disperso pelo mundo, mas o Pastor Russell, baseando-se nessas promessas, disse que eles seriam reunidos na Palestina e estabelecidos como uma nação independente. O tempo provou que isso era verdade. Embora as “Testemunhas de Jeová” não concordem, os Estudantes da Bíblia da atualidade ensinam que o novo Estado de Israel surgiu pela Divina Providência e é um precursor para o cumprimento da promessa de Deus para aquela nação – “Certamente vêm os dias’, diz o Senhor, ‘em que mudarei a sorte do meu povo, Israel e Judá, e os farei retornar à terra que dei aos seus antepassados, e eles a possuirão’, declara o Senhor.” (Jer. 30:3)

E, novamente, Jer. 24:6, 7, diz – “Olharei favoravelmente para eles, e não os trarei de volta a esta terra. Eu os edificarei e não os derrubarei; eu os plantarei e não os arrancarei. Eu lhes darei coração capaz de conhecer-me e de saber que eu sou o Senhor. Serão o meu povo, e eu serei o seu Deus, pois eles se voltarão para mim de todo o coração.”

E mais uma promessa, em Jer. 31:27-34, foi a de que – “Assim como os vigiei para arrancar e despedaçar, para derrubar, destruir e trazer a desgraça, também os vigiarei para edificar e plantar, declara o Senhor… [e] farei uma nova aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá. Não será como a aliança que fiz com os seus antepassados quando os tomei pela mão para tirá-los do Egito; porque quebraram a minha aliança… Esta é a aliança que farei… Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações… e eles serão o meu povo… eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados.”

A partir desses fatos, podemos constatar que o Pastor Charles T. Russell não foi, nem em princípio, tampouco em espírito, o fundador das “Testemunhas de Jeová”.

Para maiores detalhes sobre a história dos Estudantes da Bíblia após a morte do Pastor Russell, queira ler o seguinte livreto:

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